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    Eric Nepomuceno

    Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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    As instituições... cadê elas?

    "A estas alturas, é imperdoável e impossível de aceitar que no Congresso não se faça absolutamente nada", escreve Eric Nepomuceno

    (Foto: STF | Reuters | Agência Senado)

    Por Eric Nepomuceno, para o Jornalistas pela Democracia 

    Supõe-se que a democracia brasileira está amparada por instituições e pelos três poderes, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Supõe-se. Mas o que estamos vendo na prática é a falência do poder Legislativo e de várias instituições.

    Senão, vejamos: o que Jair Messias e o bando estacionado à sua volta estão fazendo com o país supera qualquer antecedente.  

    Já não se trata apenas de nos afogar nessa maré de corrupção deslavada que supera, e muito, as práticas da família presidencial. E ninguém faz nada para tentar impedir as duas únicas práticas do pior governo da história da República – destroçar tudo, absolutamente tudo que foi erguido ao longo de décadas, e roubar com apetite leonino.

    A estas alturas, é imperdoável e impossível de aceitar que no Congresso não se faça absolutamente nada. Mas não há saída à vista: para sobreviver, Jair Messias alugou o que há de pior na política brasileira, o tal de Centrão, e foi engolido.  

    Cadê os mais de cem pedidos de impeachment que cochilam na gaveta de um abutre chamado Arthur Lira? Como é que um caipira bonachão que atende pelo nome de Rodrigo Pacheco e preside o Senado continua fazendo cara de paisagem?   

    Sim, sim, o Congresso eleito em 2018 na rabeira de Jair Messias é tenebrosamente coalhado de pilantras de diferentes calibres. Mas será que ninguém lá dentro consegue impedir o que está sendo feito – tanto no ato de destroçar como no de roubar?

    Como é que uma empresa misteriosa chamada Engefort se entope de dinheiro sem que ninguém, absolutamente ninguém faça nada para impedir esse absurdo?  

    Perguntar cadê a Procuradoria Geral da República é perder tempo. Afinal, Jair Messias instalou lá um deboche que atende pelo nome de Augusto Aras. Seu sentido de decência tem a solidez de uma gota de orvalho. É um dos raríssimos casos da nossa história em que a Advocacia Geral da União tem dois chefes prontos para defender, a qualquer preço, o presidente da República: o advogado-geral e o procurador-geral.

    Jair Messias continua incólume. Isso, até o dia 31 de dezembro deste ano de breu.  

    Depois terá à sua frente dois caminhos. Ou se exila numa das ditaduras que andou visitando, ou vai primeiro para um tribunal e depois para o xilindró.

    E quem vier para o seu lugar terá mais uma missão, além de tentar reconstruir um país destroçado: restaurar as instituições.

    Coisa de louco.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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