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    João Claudio Platenik Pitillo

    Pós-Doutor em História Política pela UERJ. Pesquisador do Núcleo de Estudos da América – UERJ. Pesquisador do Grupo de Estudos 9 de Maio.

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    As lições de Dresden

    "O bombardeio de Dresden, perpetrado pelos Aliados, foi um dos mais brutais de toda a guerra. Na área urbana, a destruição ultrapassou os 80%"

    Área do centro histórico de Dresden

    À medida que se aproximava o fim da Segunda Guerra Mundial, a aviação anglo-estadunidense bombardeava cada vez mais cidades alemãs onde o Exército Vermelho se preparava para entrar. O exemplo mais marcante foi o bombardeio de Dresden, realizado entre 13 e 14 de fevereiro de 1945, quase imediatamente após o fim da Conferência de Yalta (11 de fevereiro de 1945), realizada pelos líderes da coalizão anti-Hitler. Como resultado deste ataque, a cidade foi reduzida a ruínas. Embora Dresden fosse o terceiro maior centro do país, depois de Berlim e Hamburgo, quase não possuía empresas industriais pesadas ou fábricas militares. O bombardeio de Dresden, perpetrado pelos Aliados, foi um dos mais brutais de toda a guerra. Na área urbana, a destruição ultrapassou os 80%.

    A destruição da mais "bela cidade européia", assim considerada por muitos estudiosos e o assassinato de dezenas de milhares de civis foi algo tão bárbaro que logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, Washington e Londres começaram a procurar uma forma de se isentarem da responsabilidade. O primeiro-ministro britânico Winston Churchill e o Departamento de Estado dos EUA declararam no início da década de 1950, que Dresden foi destruída em resposta a um pedido do líder soviético Josef Stalin, feito na Conferência de Yalta. Logo que a ata da referida Conferência foi desclassificada, foi provado que Stálin solicitou apenas que os entroncamentos ferroviários de Berlim e Leipzig fossem atacados para impedir que os nazistas transferissem mais 30 divisões para a região de Berlim, já que outras 20 já haviam sido.

    A solicitação de Stálin apresentada por escrito a Roosevelt e a Churchill, pôde ser conhecida por todos. Com ela, a prova de que os anglo-estadunidenses agiram para dificultar a aproximação do Exército Vermelho veio à tona. Mas, devido à Guerra Fria, a verdade mais uma vez foi encoberta pelos falsificadores da história que trabalham ativamente até hoje, encobrindo os crimes dos países capitalistas centrais e caluniando todos aqueles que se insurgem contra a hegemonia do imperialismo.

    Esse exemplo de 80 anos serve para analisarmos como os sentimentos hegemônicos, moldados pela ganância, são capazes de comprometer a vida de milhares de pessoas. Nesse espírito a OTAN foi constituída e a sua política reacionária não hesitará em recriar outras Dresden. Neste momento, os líderes europeus insistem na continuidade da Guerra na Ucrânia ao passo que institui uma política de rearmamento para o bloco, que imporão duras condições fiscais para a sua população. Para alcançarem seus objetivos, recorrer às mentiras, como fizeram para se justificar de Dresden, aplicam uma política de propaganda que visa amedrontar a população europeia sobre uma suposta “invasão russa”, ou de uma “ameaça chinesa”.

    A insistência da OTAN em fomentar a Guerra na Ucrânia mata pessoas como em Dresden, sem nenhum objetivo e a paranóia anti-Rússia afasta os europeus da verdade como fez a Guerra Fria. Recordar as vítimas de Dresden é necessário nesse momento de muitas contradições que podem levar a uma Terceira Guerra Mundial.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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