TV 247 logo
      Marcelo Auler avatar

      Marcelo Auler

      Marcelo Auler, 68 anos, é repórter desde janeiro de 1974 tendo atuado, no Rio, São Paulo e Brasília, em quase todos os principais jornais do país, assim como revistas e na imprensa alternativa.

      240 artigos

      HOME > blog

      Assassino de Arruda muda versão e diz que crime não foi político

      Defesa de Guaranho busca afastar qualificadora, mas jurados demonstram ceticismo. Ministério Público reforça que ele saiu prometendo voltar para matar

      O bolsonarista Jorge Guaranho em vídeo exclusivo (Foto: Reprodução/TV 247)

      Durante seu depoimento que durou duas horas e meia na noite de quarta-feira (12), o ex-policial penal Jorge José Guaranho, assassino do guarda municipal de Foz do Iguaçu (PR) Marcelo Arruda, alegou ter ido à festa de aniversário da vítima em 9 de julho de 2022, mesmo sem conhecê-lo ou ser convidado, “para fazer uma brincadeira” por causa da motivação da festa: a campanha de Lula (PT) à presidência da República.

      A ida à Associação Recreativa e Esportiva de Seguranças Físicas de Itaipu – ARESF foi decidida após Guaranho ver pelo celular do amigo Márcio José Murback, diretor da associação, imagens da festa com uma toalha com o rosto do então candidato Lula. No seu carro estavam a mulher e o filho com meses de vida.

      Na Associação, ele admitiu que por três vezes gritou “Bolsonaro, mito”, que gerou uma resposta de Arruda, gritando “na cadeia”. Depois de pedir que o policial penal deixasse o local, o guarda municipal jogou um punhado de terra no rosto do provocador, que já empunhava sua pistola apontando-a para a barriga da esposa de Arruda, Pâmela Suellen Silva, policial civil do Paraná. Ela pedia que ela abaixasse a arma e deixasse o local.

      No interrogatório, que terminou por volta de 21h30, Guaranho admitiu ter deixado o local quando viu que a porta traseira do carro foi aberta, expondo aos demais sua mulher e filho que estavam no banco traseiro do motorista. Só depois ele soube que foi a própria esposa, Franciene, quem abriu a porta em uma tentativa de acabar com aquela situação.

      Segundo todas as testemunhas, Guaranho deixou o local prometendo voltar para se vingar dos petistas. No interrogatório, preocupado em descaracterizar a motivação política do crime, que está sendo usada pelo Ministério Público como uma qualificadora que deverá aumentar a pena do réu, o assassino disse que só retornou após saber que um pouco da terra jogada por Arruda atingiu o olho do bebê.

      Curiosamente, ao fazer isso, ele deixou a mulher e o filho na frente da sua casa, sem a chave da mesma. Ou seja, sequer tratou de cuidar do filho.

      Diante da promessa de retorno do provocador, na ARESF, Arruda tratou de buscar a arma que estava no seu carro, por precaução. Assim, quando ele soube que o carro do policial penal estava de volta, ele já empunhou a arma. Guaranho foi recebido por Pâmela que, com o distintivo de policial nas mãos, tentava impedi-lo de ingressar na festa, sem êxito. Ele também sacou a arma e acabou disparando dois tiros, pouco antes de ser derrubado pela esposa da vítima, que o empurrou. Arruda, mesmo ferido no estômago, já caído, disparou diversos tiros, atingindo o seu agressor. O tiro no estômago, no entanto, gerou uma hemorragia, causando a morte do guarda municipal no hospital.

      A preocupação da defesa de Guaranho é tentar convencer os sete jurados – quatro deles mulheres – de que os tiros dados foram em legítima defesa, o que está sendo contestado pelo Ministério Público. O que ficou claro de tudo o que foi dito é que Arruda se armou em legítima defesa diante das ameaças anteriores feitas pelo agressor, que saiu dizendo que retornaria para matá-los.

      Guaranho, porém, diz que só atirou por ver que Arruda apontava a arma para ele. Mas não explica porque insistiu em ingressar em uma festa na qual não foi convidado. Curiosamente, o acusado que dizia ter sofrido uma amnésia a partir dos ferimentos sofridos, no interrogatório de ontem mostrou uma memória detalhada de tudo o que aconteceu na noite de 9 de julho de 2022.

      O acusado recusou-se a responder às questões do Ministério Público, dos advogados que representam a família da vítima como assistente de acusação e da própria juíza, mas teve que dar resposta a questões colocadas pelos jurados, que deram demonstração de que a versão da autodefesa parece que não está sendo aceita.

      Um dos jurados quis saber como ele encara o fato de hoje ser uma pessoa com perda de memória, de seu filho ter um pai com muitas sequelas e os filhos de Arruda terem ficado órfãos. Ele admitiu que vive esse drama todo esse tempo, fala em arrependimento, mas parece que não convenceu.

      "O Jorge não lembra absolutamente nada daquele dia. Isso tem que deixar claro. Tudo que ele sabe é o que foi reportado a ele pelo estudo do processo", disse um dos advogados de defesa, Samir Mattar Assad.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

      ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.

      ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

      iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

      Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

      Relacionados