Avalanche de escândalos e não acontece nada
"Se não fosse por Moro, Dallagnol e companhia, Jair Messias seria apenas uma estranha mescla de desequilíbrio psicológico e boçalidade extrema", aponta o jornalista Eric Nepomuceno. "E nada acontece com eles. Nada. Até quando?"
Por Eric Nepomuceno, para o Jornalistas pela Democracia
Alguma coisa estranha, estranhíssima, encobre cada um dos dias desse verão alucinante: são carradas de escândalos descendo ladeira abaixo e não acontece nada, absolutamente nada, com seus protagonistas.
E não me refiro apenas ao Genocida e a canalhada que pulula ao seu redor, todos cúmplices – tanto os de terno e gravata como os de farda ou de pijama – da crescente catástrofe que se traduz no crescente número de vítimas fatais não apenas do coronavirus, mas do pior, mais abjeto e mais criminoso governo da história da República.
Estou me referindo às revelações que surgem a cada dia não propriamente em conta-gotas, mas em generosas colheradas, e que revelam os passos dos protagonistas da maior farsa jurídica jamais vista no Brasil.
Se até agora sobravam evidências palpáveis que todo o processo contra Lula e seu julgamento havia sido parcializado e manipulado por um cafajeste provinciano chamado Sergio Moro, de repente abriu-se a tampa de um caldeirão mostrando que o que aconteceu foi, muito mais que um escândalo jurídico, uma conspiração desvairada e que deu certo.
Tanto deu que um cleptomaníaco assumiu depois do golpe parlamentar que afastou Dilma Rousseff e em seguida um psicopata desqualificado se elegeu presidente.
A esta altura, já não se trata de perguntar como é que outro cafajeste provinciano, Aécio Neves da Cunha, continua ativo – ele e suas incontroláveis aspirações – na política. Há outras impunidades mais escandalosas.
É bem verdade que o golpe inicial começou com ele, no mesmo dia em que Dilma foi reeleita.
Mas o segundo golpe, o que Moro encabeçou, teve e continua tendo efeitos muito mais avançados e concretos.
Além de ter distorcido, diante da apatia cúmplice e do comportamento poltrão das instâncias superiores – todas –, o sistema judiciário brasileiro, muitos outros setores do Estado foram duramente afetados.
O que se sabe agora, e novidades surgem de maneira incessante, é que entre os procuradores encabeçados pela figura que seria bizarra se não fosse abjeta, e que atende pelo nome de Deltan Dallagnol, os diálogos relacionados a Lula eram clara e irremediavelmente criminosos. E que, soberano, Sergio Moro pairava já não como cúmplice, mas como chefe do bando.
Sim, sim: o Brasil padece os efeitos de um governo encabeçado por um Genocida rodeado de sequazes, com um número alucinante de vítimas fatais que nos assombra a cada hora.
A tragédia se multiplica por hospitais, onde médicos enfrentam o pior dilema de uma carreira dedicada a salvar vidas: decidir quem vai morrer e quem será atendido.
Os horrores que sacodem nosso cotidiano, em todo caso, não podem, não devem servir para mascarar um escândalo tremendo: Deltan Dallagnol, Sergio Moro e todos os seus fantoches continuam livres e soltos, perambulando por aí.
E eles são a raiz do processo que nos trouxe para onde estamos.
Eles e seus cúmplices nos grandes meios de comunicação, nos donos do dinheiro, nos quartéis, são a raiz da maior tragédia da nossa história.
Se não fosse por Moro, Dallagnol e companhia, Jair Messias seria apenas uma estranha mescla de desequilíbrio psicológico e boçalidade extrema.
E nada acontece com eles. Nada.
Até quando?
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