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    César Fonseca

    Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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    Biden fortalece Lula ao discutir Acordo Nuclear com Irã

    Joe Biden necessitará, no Itamarati, de alguém que o ajude a aproximar do Irã, o mais rapidamente possível. Quem seria esse interlocutor senão Lula?

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    A volta do Cara

    O ex-presidente Lula volta aos holofotes globais no bojo da nova política internacional que o novo presidente americano Joe Biden promete implementar.

    O pragmatismo político lulista enxergou longe ao destacar, no calor da vitória de Biden, que ela representa alivio mundial, depois dos quatro anos de obscurantismo político dogmático fundamentalista direitista de Donaldo Trump, que levou o Brasil, com Bolsonaro, seu discípulo, ao buraco.

    Vê-se que a sagacidade política de Lula sintoniza-se com o novo chefe da Casa Branca, a partir de janeiro.

    Essencialmente, Biden promete buscar neo-multilateralismo, que Trump enterrou com sua política nacionalista fascista do “American First”.

    Imediatamente, anunciou disposição de discutir dois problemas fundamentais: 1 – reatar o acordo do clima de Paris e 2 – acordo nuclear com o Irã, firmado, em 2010, entre Turquia, Brasil e Irã, com intermediação decisiva do então presidente brasileiro.

    Como se sabe, naquele momento, como destacou O Globo, “A mediação bem-sucedida de Lula com Irã alçaria o Brasil no cenário mundial”.

    A conclusão do programa nuclear iraniano demoraria cinco anos, quando foi assinado, em 2015, no acordo internacional de Viena.

    Em 2018, porém, Trump detonou-o, ao mesmo tempo que baixou sanções comerciais ao povo iraniano, no contexto de conflito entre Irã e Estados Unidos, que culminou, em 2020, com o assassinato, numa emboscada, do general Soleiman, no Iraque.

    Desde então, o clima de guerra nuclear envenena, retoricamente, o mundo, embora, em seu período presidencial, Trump não tenha iniciado nenhuma guerra quente, depois da derrota dos Estados Unidos, na Síria, graças à aliança Bassar Al Assad/ Wladimir Putin, para derrotar Washington, na guerra ao terrorismo que montou.

    Novo tempo na Casa Branca

    A predisposição de Biden em iniciar conversações com os iranianos, simplesmente, comprova que as iniciativas de Trump de agressividade comercial contra os aiatolás representou fracasso anti-diplomático, profundamente, prejudicial aos interesses dos Estados Unidos.

    Surtiu pouco efeito.

    O tiro saiu pela culatra, pois serviu, apenas, para fortalecer a China, que, junto com a Rússia, passaram a dar as cartas no Oriente Médio, no plano comercial e militar.

    Tal parceria se ampliaria, irresistivelmente, na Era Trump, com articulação, entre as duas potencias, das rotas da seda, que marcarão nova etapa econômica global, na Eurásia, como vanguarda desenvolvimentista global.

    Biden, frente ao perigo de a hegemonia americana ir para o brejo, tenta, agora, consertar os erros de Trump.

    Ao fazer isso, confirma o sucesso da diplomacia brasileira, que, em 2010, levou Barack Obama a considerar Lula “O cara”, no plano das relações internacionais, para contribuir com a paz mundial.

    Interna e internacionalmente, Lula, graças a essa determinação de colocar o Brasil como ator independente, no plano global, impõe-se como interlocutor necessário de Biden na tarefa de reaproximação com Irã.

    Resgata-se, dessa forma, a diplomacia inclusiva, comandada pelo chanceler Celso Amorim e seu braço direito, secretário Samuel Pinheiro Guimarães, que, na Era Bolsonaro, submissa a Trump, foi jogada na lata de lixo pelo Itamarati.

    Afinal, não mais interessará a Biden quem, como o chanceler terraplanista Ernesto Araújo, contribui para contrapor a diplomacia americana àqueles de quem a Casa Branca, de agora em diante, necessita aproximar, ou seja, dos aiatolás iranianos, ressabiados quanto aos propósitos belicistas de Washington.

    Ao contrário, Biden necessitará, no Itamarati, de alguém que o ajude a aproximar do Irã, o mais rapidamente possível.

    Quem seria esse interlocutor senão Lula?

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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