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    Renato Rovai

    Renato Rovai é editor da Revista Fórum

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    Bolsonaro joga seu destino na mudança da presidência da Petrobrás

    "A troca da presidência da Petrobrás, da forma como se deu, é a mexida mais importante para os rumos do governo", afirma o jornalista Renato Rovai. "Mais importante do que a demissão de Moro e Mandetta, para que tenham uma ideia"

    Fachada da Petrobras e Jair Bolsonaro (Foto: Reuters | Marcos Corrêa/PR)

    Por Renato Rovai

    Enquanto as bolsas fechavam e o Congresso votava o destino do deputado Daniel Silveira, Bolsonaro dava uma canetada e demitia o presidente da Petrobrás Roberto Castelo Branco.

    O presidente estaria descontente com a política de preços da estatal e com o retorno desta política para a sua popularidade. Os altos preços dos combustíveis alinhados à paridade de importação que agradam ao mercado são nitroglicerina pura entre caminhoneiros, motoristas de aplicativos, taxistas e donos de carros em geral.

    A partir de agora quem vai mandar na estatal é o general Joaquim Silva e Luna. A troca só faz sentido se o general mudar a política de preços. E se isso vier a acontecer, a privatização da empresa e das refinarias subiria no telhado. Já que é exatamente a possibilidade de ter altos lucros com os produtos da empresa que anima investidores internacionais a comprar fatias da estatal.

    Essa guinada na Petrobras, na opinião de meu colega de mídia independente, Leonardo Attuch, será a Batalha de Guararapes do momento. Attuch prevê dólar a 6 reais e a Petrobrás caindo 10 pontos na reabertura do mercado na segunda.

    A repercussao de O Globo com políticos e economistas neoliberais é catastrófica para o governo e dá razão a Attuch. Gustavo Franco, por exemplo, disse apenas: “Boa tarde, Venezuela”. Entendedores entenderão o que isso significa para o mercado.

    A questão que se coloca neste momento, porém, é até onde vai a decisão de mudar as coisas na estatal e o quanto isso tem relação com a macro política econômica do governo.

    Bolsonaro pulará do barco neoliberal e vai desistir também de Guedes? Bolsonaro vai mexer na política de preços, mas vai tentar fazer isso desagradando o mínimo o mercado? Bolsonaro vai tentar manter a Petrobrás sob controle governamental, mas vai em troca oferecer outros biscoitos, como o Bacen independente, ao mercado?

    A troca da presidência da Petrobrás, da forma como se deu, é a mexida mais importante para os rumos do governo. E mais importante do que a demissão de Moro e Mandetta, para que tenham uma ideia.

    Ela pode significar uma radicalização de um populismo de direita sem classe média. Porque se jogar fora a agenda neoliberal o presidente tende a perder uma parte substancial do eleitorado ideológico de direita. E ficaria apenas com o segmento mais extremista dos costumes.

    A semana que vem pode ser o reinício de um novo ciclo do bolsonarismo. O drama é que o campo progressista não faz parte deste jogo. Está apenas assistindo-o da arquibancada. Era hora de entrar em campo e transformar esse debate do rumo que vai ser dado à Petrobrás um pouco no debate do país que se quer.

    Era hora de uma grande união em defesa dos bens públicos e da vida. De uma imensa campanha com verde e amarelo que resgatasse das mãos da direita as cores que inspiram boa parte do país.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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