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    Reimont Otoni

    Deputado federal (PT-RJ), vice-líder do PT na Câmara e membro da Comissão de Trabalho

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    Bolsonaro mata mais do que a Covid

    "Ocupar as ruas é a medida sanitária que pode garantir milhões de vidas; não podemos nos furtar desse dever humanitário. Em solidariedade às milhares de famílias que perderam suas vidas, em solidariedade ao povo brasileiro", afirma o vereador do Rio de Janeiro Reimont Otoni

    (Foto: Elineudo Meira)

    O Brasil chega à triste e inadmissível marca de mais de meio milhão de vidas perdidas para a Covid-19. Em apenas 15 meses, o país perdeu um número de cidadãs e cidadãos equivalente a toda a população de capitais como Vitória, Palmas, Rio Branco e Boa Vista ou de países como Cabo Verde; é um número apenas um pouco menor do que as populações de cidades do Rio de Janeiro como Niterói, Belfort Roxo e Campos. São números de guerra, de uma guerra patrocinada por um governo genocida, que trabalha incessantemente a favor do vírus, a favor da morte.

    As análises sobre a evolução da pandemia no mundo não deixam dúvidas – das 500 mil vidas perdidas até agora, cerca de 400 mil poderiam ter sido evitadas com uma política de saúde efetiva. Segundo o epidemiologista Pedro Hallal, professor da Universidade Federal de Pelotas e coordenador do Epicovid-19, o maior estudo epidemiológico sobre coronavírus no Brasil, três a cada quatro dos óbitos ocorreram por falta de políticas de testagem, rastreamento dos casos e isolamento social; por falta de investimento em vacinas, em lugar do derrame de dinheiro público em um falso tratamento precoce; por falta de uma campanha nacional de conscientização das medidas não farmacológicas, como uso da máscara, higienização das mãos e distanciamento. 

    Mas o governo genocida foi e continua indo na direção contrária. Deliberadamente, o genocida prega contra as medidas necessárias para conter o vírus, critica vacinas e protocolos sanitários, estimula a propagação da Covid. Muito além das falas que o sinistro Pazuello justificou como “coisas de internet”, o governo Bolsonaro estabeleceu um necroprojeto, ao emitir mais de três mil decretos e normas, que “revelam a existência de uma estratégia institucional de propagação do vírus, promovida pelo governo brasileiro, sob a liderança da Presidência da República”, segundo detalhado levantamento feito pelo Centro de Pesquisas e Estudos de Direito Sanitário da Faculdade de Saúde Pública da USP e pela organização Conectas Direitos Humanos.

    Este necrogoverno, que considera uma conquista as 86 milhões de doses de vacinas já distribuídas, é o mesmo governo que desprezou a oferta de mais de 300 milhões de doses de vacinas, um número suficiente para imunizar toda a população adulta do país e salvado centenas de milhares de vidas. 

    Não somos nós que apostamos no “quanto pior, melhor”, são eles. É cada vez mais claro que o governo genocida de Bolsonaro e seus asseclas mata muito mais do que o novo coronavírus. Repito, das 500 mil vidas perdidas para a Covid-19, cerca de 400 mil poderiam ter sido salvas.

    Por isso, precisamos estar nas ruas, para evitar que a pandemia maior do necrogoverno se alastre ainda mais. Não podemos esperar que chegue a um milhão. É urgente combater e deter o necrogoverno fascista liderado por Bolsonaro, que desmonta o estado social, promove a privatização acelerada, o crescimento da desigualdade e da fome, o avanço das milícias, incluindo as de madeireiras e do garimpo, a perda de direitos de toda a ordem, a censura. Um governo que insufla o discurso de ódio que se espalha nas instituições e entre segmentos da população, fomentando a criminalização dos pobres, os crimes de intolerância religiosa e os ataques a negros, mulheres, pessoas não-binárias, indígenas. 

    Ocupar as ruas é a medida sanitária que pode garantir milhões de vidas; não podemos nos furtar desse dever humanitário. Em solidariedade às milhares de famílias que perderam suas vidas, em solidariedade ao povo brasileiro.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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