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    Aquiles Lins

    Aquiles Lins é colunista do Brasil 247, comentarista da TV 247 e diretor de projetos especiais do grupo.

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    Bolsonaro réu: Brasil faz história ao enquadrar golpistas nos marcos da democracia

    O Brasil está escrevendo sua própria história e mostrando ao mundo que não se curva ao autoritarismo, escreve Aquiles Lins

    Celso Vilardi e Jair Bolsonaro (Foto: Gustavo Moreno/STF)

    A decisão unânime da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de tornar Jair Bolsonaro e outros sete aliados réus por tentativa de golpe de Estado representa um momento histórico para o Brasil. Pela primeira vez, um ex-presidente eleito é formalmente acusado de crimes contra a ordem democrática nos marcos do Estado de Direito. O julgamento marca um avanço civilizacional na história brasileira, rompendo com o ciclo de impunidade que por décadas blindou agentes públicos, sobretudo militares, desde a Lei da Anistia.

    A robustez das provas apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) foi decisiva para o recebimento da denúncia. Os crimes imputados incluem organização criminosa armada, dano qualificado pelo uso de violência e grave ameaça, além da deterioração de patrimônio tombado, podendo resultar em penas que ultrapassam 30 anos de prisão.

    Em seu voto, o relator do caso, ministro Alexandre Moraes, classificou o episódio como uma tentativa de golpe de Estado com características extremamente violentas, incluindo incêndios, destruição de patrimônio público e pedidos explícitos por intervenção militar. "Uma violência selvagem, incivilidade total, com pedido de intervenção militar e golpe de Estado. Usando o chavão 'uma imagem vale mais do que mil palavras', essas imagens não deixam nenhuma dúvida da materialidade dos delitos praticados", concluiu após a exibição de um vídeo com os atos de violência cometidos pelos manifestantes que pediam uma intervenção militar e a volta de Jair Bolsonaro ao poder.

    O voto do ministro Flávio Dino reforçou a densidade do acervo probatório, destacando que as defesas confirmaram a existência dos crimes, ainda que tenham tentado afastar seus clientes do cenário delituoso. "A postura não foi tanto descaracterizar materialidades, e sim afastar autorias", afirmou Dino, corroborando a consistência das provas.

    O julgamento vai além do campo jurídico; é uma reafirmação do compromisso do Brasil com a democracia. Cármen Lúcia foi enfática ao lembrar que "um golpe não se faz em um dia", enfatizando o planejamento progressivo e autoritário dos atos golpistas desde 2021. A ministra ressaltou a importância de o país saber que o processo será justo e demócratico. "Porque, felizmente, o golpe não deu certo e temos democracia no Brasil", completou.

    O presidente da Primeira Turma, Cristiano Zanin, reforçou que não é necessário que os acusados tenham participado fisicamente dos atos de 8 de janeiro para serem considerados autores do crime. "Existem inúmeros documentos que mostram, em tese, a participação dos denunciados em atos que podem ter culminado no dia 8 de janeiro", destacou. O julgamento é um recado claro de que a democracia não se submete a interesses individuais e autoritários.

    A abertura do processo penal oferece uma oportunidade sem precedentes para que o Brasil feche um ciclo de impunidade que remonta ao período militar. A esperança de que Jair Bolsonaro e seus aliados sejam efetivamente condenados e presos não é apenas uma questão de justiça, mas de defesa da ordem democrática e do Estado de Direito.

    O mundo observa o Brasil, que, ao colocar um ex-presidente alinhado às ideias do fascismo no banco dos réus por atentar contra a democracia, sinaliza que não há mais lugar para a impunidade para golpistas. O Brasil está escrevendo sua própria história e mostrando ao mundo que não se curva ao autoritarismo. A condenação de Jair Bolsonaro e dos demais envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro será mais do que um veredicto judicial; será uma lição de que a democracia é um bem inegociável.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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