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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Boulos tem que transformar segundo turno em “todos contra Nunes”

"Polarização não é o melhor caminho para vencer", escreve o colunista Alex Solnik

Guilherme Boulos (à esq.) e Ricardo Nunes (Foto: Brasil 247/Wikimedia)

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Tão certo quanto o sábado vem depois da sexta-feira, em toda eleição, logo que acaba o primeiro turno, começa o debate recorrente: o segundo turno é uma outra eleição?

Para quem ficou em primeiro, a resposta é não, é a continuação do primeiro turno, esse é o discurso, “já temos tantos X votos na frente”, mas para quem ficou em segundo, o único discurso que dá alento aos seus eleitores é dizer que é uma outra eleição e que “vamos virar”.

Para quem não ganhou nem perdeu, dá para dizer que é uma outra eleição e que não é.

É a mesma porque o objetivo é o mesmo e as propostas dos candidatos são as mesmas. Comparando com o futebol, é o segundo turno do mesmo campeonato brasileiro.

É uma outra eleição porque o número de candidatos diminui para dois, o tempo de tevê é igual e, sobretudo, porque os dois candidatos partem do zero, ninguém leva para o segundo turno os votos do primeiro. Como os times no Brasileirão.

E é evidente que é outra eleição porque os candidatos têm que buscar votos entre os eleitores dos candidatos derrotados no primeiro turno. Aqueles que não os escolheram. Eles é que vão decidir.

Por isso, é um erro atacar o adversário do segundo turno, para tirar seus votos; o mais inteligente é agregar os dos eleitores daqueles que foram seus adversários, mas não são mais.

Mas como?

Primeira dica: lembrar ao eleitor que o adversário agora é comum.

Um marqueteiro de escol mandaria ver um discurso mais ou menos assim na boca de Boulos aos eleitores de Marçal, Tabata, Datena e Marina Helena:

“Nós temos uma coisa em comum, embora você não tenha votado em mim. O seu candidato queria derrotar o prefeito, assim como eu, mas não obteve os votos necessários. Eu assumo a tarefa pelo seu candidato. Eu vou derrotar o prefeito. Para isso preciso do seu voto”.

Perdoem-me os militantes, mas, no segundo turno, polarizar é um tiro no pé. “Eu sou de esquerda, e ele, de direita”. “Eu sou Lula, ele é Bolsonaro”.

Para vencer é preciso somar e não dividir. Sem os votos dos que votaram na direita no primeiro turno, o candidato de esquerda não ganha.

O candidato de esquerda não precisa ter e deve mesmo rejeitar o apoio de candidatos de direita, mas precisa dos votos do eleitor de direita.

Uma forma honesta de conquistar os votos de seus ex-adversários, de qualquer ideologia, é incorporar algumas de suas propostas, independentemente de fechar acordo com o ex-candidato, claro, propostas que não se choquem com as suas, como, por exemplo, a ideia de diminuir roubo de celulares da Tabata, outra do Datena, outra do Marçal que não faça mal ao candidato nem à cidade e até da Marina Helena.

Somente dessa maneira Boulos vai conseguir transformar o segundo turno em “todos contra Nunes”.

E derrotá-lo.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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