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    Marcia Tiburi

    Professora de Filosofia, escritora, artista visual

    115 artigos

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    “Brain rot” ou como o cérebro apodrece?

    Se a era da desinformação foi e continua sendo a das fake News, a era do brain rot é a do desconteúdo, conteúdo banal e inútil

    (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

    O apodrecimento do cérebro (em inglês, brainrot ou brain rot) se tornou um assunto sério nos anos recentes, mas justamente as suas vítimas não saberão do que se trata porque o assunto é justamente o da perda da capacidade de compreender, do fim da  formação e do caminho da des-formação cognitiva e, subjetiva como um todo.

    « Brain rot » se refere ao fenômeno do declínio cognitivo - emburrecimento ou estupidificação se optarmos por termos mais populares - que atinge gerações formadas diante das telas de computadores, tablets, telefones celulares e coisas do tipo.

    A televisão já havia preparado esse terreno e não saiu do páreo com as novas tecnologias, pelo menos em países como o Brasil, onde se produz e se consome muito « conteúdo » ou o que podemos chamar de « desconteúdo ». O cérebro apodrecido é o produto mais importante da indústria cultural, da qual faz parte a TV, mas também a música ruim e todo tipo de conteúdo dessubjetivante.

    Se a era da « desinformação » foi e continua sendo a das « fake News », a era do brain rot é a do desconteúdo, conteúdo banal e inútil transmitido em profusão de uma forma repetitiva e cansativa, mas ao mesmo tempo viciante.

    A nebulosidade e a letargia mental, a redução da capacidade de atenção é efeito de excesso de tempo diante dos ecrãs. A oferta de distração seduz qualquer um, em qualquer idade, de qualquer classe, gênero ou raça, o que vem mostrar que a racionalidade técnica é a forma geral e ilimitada da dominação dos corpos/mentes que somos.

    Não espanta que o autoritarismo - a burrice elevada à política - avance e chegue ao fascismo. Não há fascismo com mentes afetiva e cognitivamente saudáveis. A responsabilidade de pais, professores e governos não é menor do que das Big Techs, mídia hegemônica e redes sociais. Como salvar as pessoas disso? Filosofia e literatura, poesia e ciência, certamente, mas também muito diálogo, algo que está cada vez mais difícil, mas o trabalho de quem educa e forma é também construir esperança.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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