Breve biografia do golpe de 64
Colunista Hildegard Angel destaca informações do jornal Última Hora, que não apoiou a ditadura de 64, e critica defesas do golpe por membros do atual governo
Por Hildegard Angel, do Jornalistas pela Democracia
No dia 3 de abril de 1964, o jornal Última Hora, um dos mais influentes e importantes do país e o único que não apoiou o golpe de estado contra João Goulart, foi atacado por forças da repressão golpista, que chegaram a bordo de um comboio de 60 carros, arrombaram as portas do jornal, destruíram tudo o que encontraram, mobiliário, máquinas, equipamentos, arquivos, depredaram e incendiaram o prédio, e por fim destruíram toda a frota do jornal, a fogo e a tiros.
Esta foi a "revolução redentora", que agora ousam enaltecer. Um golpe de estado que calou a imprensa, prendeu os que pensavam diferente, torturou, matou, sequestrou, perseguiu, destruiu empresas de seus opositores, colocou de joelhos a mídia, o empresariado, todos os setores da vida brasileira.
Censurou, proibiu, fez acordo MEC-Usaid para desqualificar nosso ensino, até então de excelência. Fechou o Congresso, desprezou a Constituição, ignorou as liberdades individuais, invadiu residências, queimou e proibiu livros, jogou bomba em jornais, OAB, matando inocentes.
Atirou pelas costas. Locupletou-se de todos os modos. Impediu estudantes de se reunirem e de protestarem, obrigando-os à clandestinidade para não serem mortos. Mas mesmo assim foram mortos.
Proibiu grupos de mais de três pessoas nas ruas. Obrigou todos a saírem de casa levando documentos e carteira de trabalho, caso contrário poderiam ser presos e desaparecer. Censurou a produção cultural brasileira. Inventou governadores e prefeitos "biônicos", que não eram eleitos, eram escolhidos a dedo. Enfim, saibam como foi, não se iludam.
Agiram com tal truculência que o apelido mais meigo que mereceram da opinião pública foi "gorilas". Implantaram o medo, o pânico e o terror em todo o território nacional, contando com a colaboração dos "dedo-duros". Os péssimos carácteres se revelaram, era a canalhice ostentação.
Enfim, é esse o Brasil do passado que agora louvam. Esse terror, eu já vivi. Minha geração viveu. E o que me move a correr riscos e falar é o amor pelo Brasil.
Naquela época foram também as fake news que "justificaram" todos aqueles abusos, alegando o risco do "comunismo", que não havia, não existia. Era apenas um pretexto para se aboletarem no poder.
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* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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