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    César Fonseca

    Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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    Brics-Sul Global: arma contra o fascismo trumpista

    O BRICS, mais forte economicamente que o G7, dotado de infraestrutura internacional em expansão, com apoio da China, torna-se a retaguarda brasileira

    Donald Trump (Foto: Reuters/Carlos Barria)

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    Os adversários do presidente Lula, dentro e fora do governo, esfregam as mãos quanto à capacidade dele de enfrentar perigos diante do governo Trump, amplamente vitorioso, principalmente depois de ele ter apoiado a derrotada Kamala Harris.

    Consideram, negativamente, que, se Trump falar grosso com o Brasil, exigindo-lhe, por exemplo, a renúncia ao BRICS, como pregou a general Laura Richardson, comandante do Comando Sul dos Estados Unidos para a América Latina, haveria recuo brasileiro relativamente à sua geopolítica sul-americana, afastando-se da China, da Rússia e do Sul Global.

    Pregam os pessimistas americanófilos que dominam o poder no Brasil que é melhor cuidar de uma aproximação com o novo presidente americano do que confrontá-lo, jogando favoravelmente ao poder geopolítico dos BRICS, que nasceu por sugestão do presidente Lula.

    Evidentemente, o BRICS, mais forte economicamente que o G7, dotado de infraestrutura internacional em expansão, com apoio da China, torna-se a retaguarda brasileira, se for ameaçado pelo fascismo trumpista.

    Hoje, o Le Monde francês prognostica que, se Trump endurecer com o Brasil, empurra o país para os braços da China.

    Trata-se de uma visão midiática independente em relação à visão excessivamente dependente da mídia nacional relativamente aos interesses dos Estados Unidos, por se situar no campo geopolítico americano, como é o caso do Estadão, da Folha e do Globo, americanófilos de carteirinha.

    Desse modo, como evidencia o Le Monde, o BRICS-Sul Global tem condições de ser a âncora que apoiaria o Brasil diante de eventual pressão e chantagem americana em forma de exigência para que se afaste do instrumento que ele criou como arma geopolítica estratégica.

    Frente às novas circunstâncias que emergem para o governo Lula, depois da vitória de Trump, não se trata de adotar posição relativamente acanhada ou temerosa, mas, ao contrário, política ativa e altiva, sem medo de enfrentar os novos desafios que teoricamente virão de possíveis retaliações do império contra o Brasil.

    Essas retaliações seriam ou não continuidade das pressões do Partido Democrata americano realizadas contra a democracia brasileira, que resultaram no golpe parlamentar, jurídico e midiático contra a ex-presidente Dilma Rousseff, hoje presidenta do Banco BRICS.

    DILMA, NOVO FATOR ESTRATÉGICO

    O BRICS e o Banco BRICS podem ser alternativas para o governo Lula enfrentar as armadilhas do modelo neoliberal, que não o deixa adotar medidas desenvolvimentistas, submetendo o país ao arcabouço-calabouço fiscal ultraneoliberal.

    O comprometimento do governo com um teto de gasto neoliberal seria verdade absoluta que não possa ser discutida, à luz de novos acontecimentos emergentes com a vitória trumpista e perigos de ameaça à economia brasileira?

    Poderia ou não, por exemplo, existir ajuda financeira do BRICS ao governo para aumentar os investimentos e enfrentar dívidas financeiras de caráter meramente especulativo, como é o endividamento federativo em termos amplos?

    Suponha-se que o Banco BRICS, dirigido pela ex-presidenta Rousseff, assegure empréstimos para Lula enfrentar o ajuste fiscal: o resultado poderia ou não ser a imediata queda da taxa de juros e aumento dos investimentos?

    Muda ou não a expectativa da economia se o governo, como prognostica o jornal Le Monde, recorrer financeiramente à China para respirar aliviado diante do sufoco imposto pelo arcabouço fiscal pelos credores/Faria Lima?

    Permitiria ou não a injeção de dinheiro novo na circulação capitalista brasileira para impulsionar a demanda global mediante inflação sob controle, invertendo o diagnóstico do Banco Central Independente neoliberal de que economia aquecida produz inflação irreversível?

    A “verdade” ortodoxa é uma, e a heterodoxa é outra.

    Os rentistas perderiam ou não o discurso para o BRICS-Sul Global se novos investimentos fossem alavancados por empréstimos chineses que os bancos americanos negam ao Brasil para o desenvolvimentismo, salvo para refinanciar dívidas a juros altos, anti-produção, anti-desenvolvimento, anti-nacionalismo?

    XI JINPING NA ÁREA - A China, cujo presidente Xi Jinping estará no Brasil nos próximos dias, interessar-se-ia ou não pelo desenvolvimentismo brasileiro, que elevaria a capacidade de consumo interno para dinamizar a indústria chinesa que busca mercado em toda a América Latina, nesse momento?

    O cacife político de Lula para dar novo rumo à economia, fugindo da tirania financeira da Faria Lima e dos fundos financeiros internacionais, poderia ou não crescer se o Banco BRICS abrir crédito barato ao Brasil para tocar as atividades produtivas?

    Mudariam ou não as perspectivas do arrocho fiscal para um novo espaço fiscal desenvolvimentista nacionalista na linha cooperativa do Sul Global?

    Essa arma fortalece ou não Lula e a aliança de centro-esquerda, virando o jogo relativamente ao centro-direita, que teve vitória parcial nas eleições municipais?

    O centro-direita teria a ganhar, em termos eleitorais, se tivesse de administrar um teto de gasto neoliberal antidesenvolvimentista?

    Por isso, os conservadores querem que o estrangulamento financeiro do governo Lula continue sob o arcabouço-calabouço neoliberal, para que as chances lulistas para 2026 desapareçam do mapa.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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