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    Moisés Mendes

    Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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    Caçaram e mataram um bandido que Moro não queria procurar

    "Se Adriano não era perigoso nem interestadual, mas apenas um bandido carioca regional, como argumentaram os elaboradores da lista de Sérgio Moro, por que estava sendo caçado de forma implacável na Bahia?", questiona o colunista Moisés Mendes. "É provável que Adriano esteja morto exatamente porque não fazia parte da lista de Moro"

    (Foto: Esq.: ABR)

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    Por Moisés Mendes, para o Jornalistas pela Democracia

    A lista dos bandidos mais procurados do Brasil, elaborada sob o comando de Sergio Moro, tem 26 nomes. Nenhum deles, mas nenhum mesmo, apareceu em notícias nos últimos dias por estar sendo caçado pela polícia.

    O único bandido que aparecia como caçado, com notícias quase diárias nos jornais, em cercos articulados entre as polícias do Rio e da Bahia, não estava na lista. Adriano da Nóbrega, morto a tiros por policiais, talvez soubesse que não deveria ser procurado e preso, mas cercado e eliminado.

    Desde a divulgação dos nomes dos bandidos escolhidos por Sergio Moro, no dia 30 de janeiro, o cerco a Adriano vinha sendo noticiado com destaque, como se fosse uma afronta a Moro. Da divulgação da lista, até a eliminação do miliciano, passaram-se apenas 10 dias.

    Adriano estava foragido havia mais de ano. Matava por encomenda e, pelo poder que conquistou, infiltrou com parentes no gabinete de Flavio Bolsonaro, então deputado no Rio. É possível que tenham assassinado o cara que mais sabia da família.   

    Perguntas óbvias que terão de ser respondidas logo. Se Adriano não era perigoso nem interestadual, mas apenas um bandido carioca regional, como argumentaram os elaboradores da lista de Sérgio Moro, por que estava sendo caçado de forma implacável na Bahia?

    Quem articulou a caçada? Por ordem de quem? Como foi feita a articulação da polícia do Rio com a polícia baiana? A intensificação da caçada apenas coincidiu com a divulgação da lista de Moro? A polícia do Rio queria provar que Adriano deveria ser procurado, ao contrário do que pensava o ex-juiz?

    E tem ainda uma pergunta antiga aguardando reposta: quem de dentro do Ministério da Justiça irá dizer qual foi a manobra que tirou Adriano da lista de Sergio Moro?

    Que servidor dos órgãos envolvidos na elaboração da lista sabe o que foi feito para que um bandido caçado não aparecesse no catálogo de mais procurados do ex-juiz?

    É provável que Adriano esteja morto exatamente porque não fazia parte da lista de Moro. A lista do ex-juiz continua imaculada, sem bandidos mortos.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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