Caindo de maduro
"Celso Amorim tem mais credibilidade que seu caluniador", escreve Alex Solnik
Ninguém que ainda não ficou ideologicamente cego acreditou na vitória de Maduro nas eleições de 28 de Julho, sobretudo o conselheiro para assuntos internacionais Celso Amorim, para quem Maduro garantiu, inicialmente, que apresentaria as atas com os resultados, mas depois tirou a escada e o deixou com a brocha na mão.
Contrariado com a posição brasileira de não reconhecer o resultado enquanto as atas não aparecerem, Maduro passou a agir como um ditador, e não um presidente da República legitimamente eleito.
Em vez do diálogo e da diplomacia, escolheu o caminho da truculência e da calúnia. Decretou que suas palavras dispensavam as provas das atas.
E subiu o tom ainda mais depois que o Brasil vetou seu ingresso no BRICS, a convite da Rússia, que tem interesses graúdos no setor petrolífero da Venezuela e está pouco se lixando para quem ganhou as eleições, contanto que suas joint-ventures com a PVDSA não sejam canceladas.
Acusou o presidente brasileiro de ser “agente da CIA”, de inventar a queda no banheiro para não ir à reunião do BRICS, de traição e culminou com a retirada de Brasília do embaixador da Venezuela.
Há dois dias, acusou Celso Amorim de ser “agente do imperialismo” e o declarou “persona non grata” na Venezuela.
Embora um de seus objetivos ao tentar derrubar a porta para entrar no BRICS fosse romper o isolamento internacional, mostrando ser bem vindo numa entidade comandada por duas grandes potências, suas atitudes autoritárias tendem a produzir consequências opostas.
Ninguém que ainda não ficou ideologicamente cego acreditou nas suas calúnias contra Lula e Celso Amorim, o que só diminuiu ainda mais a sua já tênue credibilidade.
Se consegue mentir com tanta desfaçatez sobre autoridades brasileiras, torna ainda mais duvidosas suas afirmações de que venceu nas urnas.
A credibilidade de Celso Amorim é muito maior que a dele.
"Cair de maduro" é uma expressão coloquial que significa levar um tombo sem que alguém ou algo tenha intervindo. Por exemplo, "não tropeçou em nada, simplesmente caiu de maduro".
A expressão parece ter sido criada sob medida para Nicolás Maduro.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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