Campanha eleitoral prenuncia-se a mais agressiva da história
"O ano nem bem começou e já se constata que a internet tem sido inundada diariamente por uma avalanche de fakes", escreve Ribamar Fonseca
Por Ribamar Fonseca
A campanha eleitoral deste ano prenuncia-se como uma das mais violentas, covardes e inescrupulosas da história do nosso país. Tendo como palco principal as redes sociais, a campanha deverá se desenrolar entre fakes e agressões, com montagens, mentiras de todo tipo e ataques, sem qualquer preocupação com os problemas nacionais. O ex-presidente Lula, que lidera as pesquisas de intenção de votos, será o principal alvo dessa campanha inescrupulosa, o que o obrigará a montar uma equipe capaz de conter, no terreno das redes sociais, essa ação dos seus adversários. O ano nem bem começou e já se constata que a internet tem sido inundada diariamente por uma avalanche de fakes, o que levou o ministro Roberto Barroso, presidente do TSE, a denunciar a existência de uma verdadeira “milícia digital”, que pratica o “terrorismo verbal” nas redes sociais. E essa campanha nesse estilo tende a se intensificar à medida em que se aproxima a data do pleito.
O Tribunal Superior Eleitoral, na verdade, precisa urgentemente estruturar-se para combater essa praga de fakes, cujos autores, verdadeiros criminosos, colocam em risco não apenas a democracia mas, também, a vida das pessoas com o massacre de noticias falsas sobre a pandemia. Muita gente hoje se recusa a vacinar os filhos menores por acreditar nas mentiras divulgadas nas redes sociais e, como consequência, o número de não vacinados explodiu nos hospitais. O combate a esses criminosos deveria ser tarefa do governo, mas, como dizem que o próprio presidente estaria envolvido com as fakes, resta à Justiça assumir essa luta e, ao Congresso Nacional, aprovar uma legislação capaz de punir os responsáveis, pois até hoje não se conhece alguém que tenha sido punido por isso. Que fim levou a CPI das fakes? E o inquérito das fakes aberto no STF? Por que a extradição do blogueiro Allan dos Santos, que fugiu para os Estados Unidos acusado de disseminar noticias falsas, está engessada no Ministério da Justiça?
Desde que o norte-americano Steve Bannon descobriu o poder das fakes e das redes sociais na propaganda politica, garantindo a eleição de extremistas em vários países, inclusive de Donald Trump nos Estados Unidos e Jair Bolsonaro no Brasil, esse tipo de campanha se mostrou eficiente entre a população que perdeu a capacidade de pensar, acreditando em tudo o que é divulgado na internet. E com a utilização maciça de robôs todas as mentiras e montagens são disseminadas em tempo recorde através do wattsapp, atingindo as pessoas a qualquer hora e em qualquer lugar, sem que se possa identificar os seus autores que, protegidos pelo anonimato, inventam as coisas mais absurdas sem o risco de serem processados judicialmente. Bolsonaro, acusado de dizer sete mentiras por dia, teria patrocinado, com os filhos, a montagem de verdadeira fábrica de fakes, que despeja diariamente a sua produção na internet, provocando os mais diferentes tipos de reação, particularmente entre os seus seguidores.
Ao mesmo tempo, o Presidente procura ampliar a sua base de aliados entre policiais e militares, buscando assegurar o apoio deles para um eventual golpe, caso se convença da derrota nas eleições de outubro. Muita gente já tem alertado para essa possibilidade, inclusive a jornalista Miriam Leitão, da Globo, que parece convencida de que Bolsonaro não aceitará a derrota. Na verdade, ele já vem preparando o terreno há bastante tempo com essa história de que as urnas eletrônicas são vulneráveis, chegando a afirmar que houve fraudes nas eleições de 2018, em que foi eleito. Ele não apresenta nenhuma prova de nada do que diz, mas pretende instalar a dúvida na cabeça do eleitorado de modo a ter o seu apoio. Ninguém tem dúvidas de que ele, para manter-se no poder, vai usar de todos os recursos que o cargo lhe permite, sem importar-se com a sua legalidade, desde que atinja seus objetivos.
Bolsonaro sabe que não conseguirá manter um debate com seus concorrentes e, por isso, para não ser triturado por eles, deverá inventar alguma coisa para não comparecer à televisão. Nas eleições passadas foi a tal da “facada” em Juiz de Fora que, além de garantir a sua ausência da TV, multiplicou os seus votos, ajudando na sua eleição, pois sensibilizou o povo. Tudo indica que deverá aproveitar a mesma “facada” para fugir novamente do debate, hospitalizando-se às vésperas e publicando nas redes sociais fotos exibindo sua cicatriz na barriga e uma sonda no nariz, a não ser que invente um novo pretexto. E remexendo no inquérito sobre Adelio Bispo para dar credibilidade à nova internação, provavelmente vai tentar encontrar um mandante do atentado entre os petistas. Como bom ator, revelado no episódio da “facada”, ele deverá fazer caras e bocas, de modo a provocar a compaixão do povo, sempre solidário com os que sofrem.
Aparentemente seria tudo encenação, conforme se depreende da sua rápida recuperação da mais recente hospitalização de dois dias, que parecia ter certa gravidade diante das fotos divulgadas, mas tão logo teve alta ele seguiu direto para um jogo de futebol de sertanejos. E passou a atacar, com declarações duras, todos os que considera adversários. Seu maior erro, porém, foi levantar suspeitas sobre a honestidade da Anvisa, cujo presidente, contra-almirante médico Barra Torres, respondeu com uma dura nota que repercutiu dentro e fora do país. O mais pitoresco é que Bolsonaro se disse surpreso com a reação de Torres pois, segundo ele, não acusou a Anvisa de nada. Apesar da nota, porém, ele disse que os técnicos da Anvisa são “tarados por vacina” porque aprovaram a vacinação de crianças contra a covid, vacinação que ele não concorda, posição que desencadeou, em todo o país, manifestações de negacionistas contra a imunização dos seus filhos.
O fato é que os primeiros dias do novo ano já conseguem oferecer um esboço do que será a campanha eleitoral em 2022, tendo Lula como o principal alvo dos candidatos ao Palácio do Planalto. Com base no atual panorama observadores estão convencidos de que Bolsonaro não conseguirá reeleger-se, assim como quase todos os que se elegeram com ele em 2018 para o Congresso Nacional. O capitão, na verdade, foi um aborto da democracia, pois não tinha o menor preparo para ocupar o mais alto cargo da Nação. E, também, não tem liderança nenhuma. A liderança que aparenta é do cargo, que vai desaparecer logo depois de deixá-lo, o que significa que vai sumir do cenário político brasileiro após o pleito deste ano, a não ser que desista da Presidência e concorra ao Senado ou à Câmara. Esse, aliás, deverá ser o mesmo caminho do ex-juiz Sergio Moro que, sem a menor chance de chegar ao Planalto, deverá também desistir da sua candidatura à Presidência, pois precisará de foro privilegiado para tentar escapar das penas que o esperam. A não ser que decida mudar-se em definitivo para os Estados Unidos, onde seus parceiros da CIA e do Departamento de Justiça norte-americano poderão acolhê-lo.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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