Carter e Trump, o que foi e o que será
O primeiro, governou os EUA com mais brilho externo que interno. Já o segundo, está de volta mesmo tendo feito governo pavoroso em todos os aspectos
A respeito do ex-presidente estadunidense Jimmy Carter que morreu no último domingo de 2024, ao cem anos de idade, podemos destacar três ações relevantes e positivas. Foram duas atitudes após deixar a Presidência, e uma durante o período em que esteve à frente de sua nação.
No tempo presidencial, Carter se colocou como defensor dos Direitos Humanos. Não se pode dizer que tal postura não era de coração, mas nela, por óbvio, estava contida a necessidade de se opor à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) que, sempre, fora acusada pelos EUA de ser uma ditadura horrenda, o que não era verdade. Ter o presidente dos Estados Unidos como defensor incansável dos Direitos Humanos, entretanto, foi fundamental para que os olhos do mundo se voltassem para o Brasil, onde a sanguinária ditadura militar vigorava. Em 1978, Carter veio a Brasília e reuniu-se cordialmente com o ditador Ernesto Geisel, do qual, aliás, teve boa impressão, registrada em seu livro de memórias. Um adendo: no filme Zuzu Angel, há cena impressionante em que Zuzu, interpretada pela magistral atriz Patrícia Pilar, caminha intrépida por um corredor de hotel no Rio de Janeiro e, mesmo sendo interpelada por agentes, ela consegue entregar uma carta a Henry Kissinger, secretário de Estado estadunidense. A mensagem revelava coisa que o chefe da diplomacia dos EUA já sabia: ocorria violência atroz no Brasil e, sobretudo, a família de Zuzu. Stewart Angel, filho da estilista, fora brutalmente torturado e assassinado pela ditadura.
Jimmy Carter, após exercer a Presidência, por meio de seu Center Carter, empunhou a bandeira da Justiça mundialmente. Isso aconteceu diante de duas duras e terríveis injustiças; ações que, até agora, não foram noticiadas a contento pela grande imprensa. A primeira, em relação à Palestina. Publicamente o ex-presidente Carter reconheceu diversas vezes que Israel impõe regime de apartheid aos palestinos. E, depois, Jimmy Carter fez questão de enaltecer, publicamente, a participação dos EUA na frustrada tentativa de golpe contra Hugo Chávez, na Venezuela, em 2002. Ele fazia questão de chancelar as eleições venezuelanas como limpas e justas. Basta prestar atenção na imprensa digital, como o 247, para perceber que tais assuntos, Palestina e Venezuela, não tem tratamento sério na grande imprensa brasileira. Tanto é assim que, pela grande imprensa, é como se Jimmy Carter nunca tivesse tocado em tais assuntos. Um ex-presidente dos Estados Unidos, ganhador do Prêmio Nobel da Paz, tratando publicamente de temas hoje ásperos, é algo que faz essas questões adquirirem outro peso, certo?
Como todo e qualquer presidente dos EUA, Jimmy Carter não deve ser lembrado como santo. Em outras palavras, não se deve colocar a mão no fogo pelo Tio Sam. Mesmo assim, que Carter seja lembrado por esses três momentos: a denúncia contra o apartheid aos palestinos, o seu esforço pessoal em defesa dos Direitos Humanos em âmbito global, o que beneficiou o Brasil, e o reconhecimento sobre a participação estadunidense no golpe contra Hugo Chávez e a Revolução Bolivariana.
Ah,... e Donald Trump? Nada de bom no primeiro governo. Somente tragédias e delinquências para lembrar. E, em seu segundo mandato, não há previsão de dias ensolarados e brisas agradáveis dentro ou fora dos Estados Unidos. Muito pelo contrário.
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