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    Eric Nepomuceno

    Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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    Coitado do Anderson Torres...

    O deputado Eduardo Bolsonaro, mais conhecido como Dudu Bananinha, lançou seu diagnóstico sobre Torres: disse que ele é vítima da Justiça

    Eduardo Bolsonaro | Anderson Torres (Foto: Reprodução | Alan Santos/PR | Joedson Alves/Agência Brasil)

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     Desde o dia catorze de janeiro o policial federal aposentado Anderson Torres está preso.  

     Nesse tempo ele praticamente deixou de comer, perdeu pelo menos doze quilos, tem seguidas e longuíssimas crises de choro, extensos períodos de depressão profunda e emite claros sinais de tendências suicidas.

     Os laudos técnicos assinados por psiquiatras que o acompanham na prisão trazem registros da seriedade do seu quadro.

     Mais que ministro da Justiça de Jair Messias, ele foi um exemplo nítido de aliado. Aliás, mais que aliado: foi cúmplice ativo do tresloucado, covarde e mentiroso então mandatário.  

     De uma forma ou de outra, esteve envolvido até o nó da gravata nas tentativas obcecadas de um golpe de Estado que impedisse primeiro a eleição, e depois a posse de Lula, e eliminasse qualquer risco de afastamento do desequilibrado.

     É difícil entender como semelhante figura, que fora do governo federal ocupava o posto de secretário de Segurança de Brasília, voltou ao Brasil.  

     Ele tinha ido para a mesma Flórida onde Jair Messias estava refugiado. Abandonou Brasília à própria sorte, com a vasta rede de cumplicidade sabe-se lá de quantos.  

     Veio o dia oito de janeiro, a tentativa do golpe tão sonhado por Jair Messias e seus seguidores, e onde estava ele? Pois lá longe.

     Era evidente que, se voltasse, iria preso. E não deu outra: voltou e foi.

     O deputado Eduardo Bolsonaro, mais conhecido como Dudu Bananinha, lançou seu diagnóstico sobre Torres: disse que ele é vítima da Justiça.  

     Palavras do Bananinha: “Se algo de pior acontecer com o delegado federal Anderson Torres, essa conta certamente estará junto à Justiça”.

     Tirando o português atropelado de sempre, marca típica da quadrilha chefiada por Jair Messias, deixou claro que esse “algo pior” seria o suicídio.  

     Como ainda não foi preso, Bananinha talvez não saiba que presos como Torres são vigiados cada minuto de cada hora de cada dia na prisão, justo para impedir não só fuga, mas também suicídio.  

     Mas Dudu Bananinha insiste em deixar clara sua indignação: “A situação é bizarra do ponto de vista jurídico”.

     Coitado do Anderson Torres.

     Afinal, seus erros consistiram basicamente em guardar em casa a minuta de um decreto presidencial que permitiria uma intervenção do Supremo Tribunal Federal, ter facilitado a movimentação dos invasores dos três poderes, ter feito tudo que estava ao seu alcance para impedir que Lula fosse eleito e depois permitir o golpe tão sonhado por Jair Messias.

     Por essa lealdade e por essa eficácia ele está mofando na cadeira.

     E enquanto isso, seu líder e inspirador continua por aí, todo pimpão.  

     Seria interessante alguém perguntar a Dudu Bananinha se essa não é uma situação ainda muito mais bizarra, não só do ponto de vista jurídico, mas também moral.  

     Desleal e injusto, Jair Messias não se manifesta sobre o aliado preso. Mais um gesto típico de sua falta absoluta e radical de decência.  

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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