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      Wu Lei

      Wu Lei é produtor e jornalista sênior especializado em espaço na CGTN (China Global Television Network). Com mais de 1 milhão de seguidores nas redes sociais globais, como Facebook e Twitter, ele compartilha suas reportagens de linha de frente e análises sobre missões espaciais tripuladas, construção de estações espaciais, exploração da Lua, Marte e outras missões de exploração do espaço profundo com fãs do tema em todo o mundo.

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      Colaboração espacial entre China e Brasil é grande exemplo de cooperação Sul-Sul

      De satélites de sensoriamento remoto a serviços comerciais via satélite e exploração do espaço profundo, os dois países vêm expandindo sua pesquisa conjunta

      CBERS 04A: Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres-4A (Foto: Divulgação/Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE))

      12 de abril é o Dia Internacional do Voo Espacial Humano, um dia para marcar os esforços humanos na exploração espacial e convocar mais pesquisas científicas conjuntas globais. Brasil e China vêm trabalhando juntos em pesquisas espaciais há quase quatro décadas. A parceria já lançou seis satélites e agora está se expandindo para uma colaboração mais profunda no espaço.

      Chuvas intensas e enchentes severas costumam ser esperadas em abril em algumas partes do Brasil. Encontrar maneiras de monitorar e avaliar melhor os danos tem sido um desafio para as autoridades brasileiras. Agora, com a ajuda do Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres, ou o programa CBERS, especialistas brasileiros podem avaliar os danos e orientar os esforços de recuperação.

      Os satélites CBERS carregam diferentes sensores que atendem a múltiplas finalidades — agricultura, monitoramento do desmatamento, recursos hídricos e resposta a desastres. Desde a década de 1980, China e Brasil desenvolveram seis satélites, com o CBERS-4 e o CBERS-4A agora desempenhando um papel importante na gestão da água, planejamento urbano e monitoramento de desastres no Brasil.

      É por isso que a cooperação também tem apoiado o monitoramento do desmatamento da Amazônia, uma preocupação ambiental chave tanto para o Brasil quanto para a comunidade global, fornecendo dados vitais para os esforços de conservação.

      Em abril de 2023, China e Brasil aprofundaram sua cooperação espacial com a assinatura de dois documentos: um protocolo suplementar sobre cooperação para o desenvolvimento do CBERS-6 e um plano de cooperação espacial 2023–2032 entre a Administração Espacial Nacional da China e a Agência Espacial Brasileira.

      O presidente chinês Xi Jinping chamou o programa CBERS de um bom exemplo de cooperação em alta tecnologia e espaço entre países em desenvolvimento. O projeto CBERS serve não apenas aos seus parceiros, China e Brasil, mas também a governos, pesquisadores e indivíduos em todo o mundo, que têm acesso gratuito a todas as imagens que ele produz.

      A base para a cooperação espacial entre China e Brasil foi estabelecida em maio de 1984, quando ambos os países assinaram um acordo complementar ao acordo-quadro de cooperação em ciência e tecnologia.

      China e Brasil são membros fundadores dos países BRICS. Os países BRICS, a saber, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, lançaram uma cooperação de constelação de sensoriamento remoto em 2022 para compartilhar satélites e dados de sensoriamento remoto. Neste programa piloto para cada país, a constelação ajudará a lidar com problemas relacionados a crises alimentares. Questões com a produção de alimentos são fundamentais para muitos. Com sua cobertura, precisão e pontualidade, a constelação de satélites é eficaz para mapear a produção de grãos e monitorar danos causados por desastres naturais e pragas.

      Marco Antonio Chamon, presidente da Agência Espacial Brasileira, disse que o acordo de sensoriamento remoto que eles assinaram entre os países BRICS é um sinal muito importante de que eles podem fazer coisas juntos. Eles já não apenas assinaram, mas implementaram alguns projetos dentro desse acordo, e com muito sucesso. Ele acredita que o futuro dos BRICS e do BRICS+ é expandir a colaboração em outras tecnologias e capacitação.

      O presidente Xi fez uma visita de Estado ao Brasil em 20 de novembro de 2024. O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva disse que, desde o estabelecimento de laços diplomáticos há meio século, as relações Brasil-China se tornaram um modelo de solidariedade, cooperação, benefício mútuo e resultados ganha-ganha entre os países do Sul Global. O presidente Xi também disse que a China está pronta para dar as mãos ao Brasil, com espírito de perseverança e dedicação, para construir uma comunidade China-Brasil com um futuro compartilhado e inaugurar os próximos "50 anos de ouro" das relações China-Brasil. Durante essa visita, os dois países assinaram 38 acordos, entre os quais há um serviço comercial de comunicação via satélite entre empresas chinesas e brasileiras.

      A constelação comercial de satélites da China, Spacesail, fornecerá serviços de comunicação via satélite ao Brasil e acesso à internet banda larga às regiões remotas e carentes do país. Os serviços serão realizados por meio da parceria entre a desenvolvedora da constelação, Shanghai Spacesail Technologies Co., Ltd., e a Telebras, uma empresa brasileira de telecomunicações, de acordo com um memorando de cooperação assinado pelas duas empresas na quarta-feira.

      O memorando observou que os serviços comerciais para o Brasil começarão oficialmente em 2026. A Spacesail é uma megaconstelação de órbita terrestre baixa com todas as faixas de frequência e um design multi-camada e multi-órbita. Sua construção de rede comercial foi oficialmente lançada em 6 de agosto de 2024.

      Mas há mais nessa parceria do que satélites... Outro projeto importante que une cientistas brasileiros e chineses é a construção de um enorme radiotelescópio chamado BINGO ABDUS, um projeto no interior do nordeste do Brasil. “O projeto BINGO ABDUS visa observar o universo a distâncias intermediárias a grandes — algo como 5 bilhões de anos-luz. O objetivo é obter mais conhecimento sobre o universo e sua aceleração. 95% do universo é escuro. Não podemos vê-lo, não podemos tocá-lo, mas ele existe. O objetivo original do telescópio, 15 anos atrás, quando começamos, era explorar esse lado escuro do universo”, disse Elcio Abdalla, coordenador geral do Projeto BINGO.

      Marco Antonio Chamon, presidente da Agência Espacial Brasileira, disse que a China é o principal parceiro do Brasil no espaço — construindo satélites com diferentes tecnologias e propósitos, sempre voltados para o monitoramento da Terra para nosso benefício. Essa colaboração mostrou que uma parceria Sul-Sul em temas de alta tecnologia é significativa e possível.

      Com a estação espacial chinesa Tiangong em órbita, astronautas estrangeiros são bem-vindos para se juntar aos taikonautas chineses para trabalhar e viver no laboratório espacial nacional. A China também planejou mais missões lunares, incluindo Chang’e 7 e Chang’e 8, a Estação Internacional de Pesquisa Lunar e a missão de retorno de amostras de Marte, Tianwen 3, no futuro — e mais agências espaciais internacionais são bem-vindas para se juntar a essas colaborações globais.

      De satélites de sensoriamento remoto a serviços comerciais via satélite e exploração do espaço profundo, China e Brasil vêm expandindo sua pesquisa conjunta e colaborações. Brasil e China são bons exemplos de até onde a cooperação internacional pode levar o conhecimento humano e o desenvolvimento tecnológico.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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