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Vivaldo Barbosa

Coordenador do Movimento O TRABALHISMO, foi Deputado Federal, Constituinte, Secretario de Justica de Brizola.

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Comandante do Exército agiu com prudência

"Não é razoável esperar que boa porção das Forças Armadas venha transgredir leis e a Constituição para defender golpes e ilegalidades de um governo da doença, da miséria, da incompetência e já com casos palpáveis de corrupção", analisa o deputado constituinte Vivaldo Barbosa

General Eduardo Pazuello e o comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira (Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado | Marcos Corrêa/PR)

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Acostumado a remar contra marés temporárias, passageiras, que atingem até setores lúcidos e progressistas, desde os tempos que trabalhava de perto om Leonel Brizola, afirmo o seguinte: o Comandante do Exército agiu com prudência.

A maré de opinião de muitos setores cobra punição ao general, sem o que a disciplina e hierarquia teriam ficado irremediavelmente comprometidas.

A lei e os regulamentos não devem ser sempre aplicados em uma linha reta.

É claro que esse general fez muito mal ao Exército, deixou o Comandante mal, prejudicou até o Bolsonaro. Nunca deveria ter feito o que fez. Nem ele nem Bolsonaro.

Acontece que, se o Comandante o pune, estaria igualmente punindo o Presidente. Pois Bolsonaro o levou para o caminhão, o abraçou, passou o microfone a ele, com sua costumeira irresponsabilidade. E o Presidente da República é o Comandante em Chefe do Exército. E se o Comandante pune o seu Chefe, mesmo que indiretamente, crise maior estaria aberta. Se viesse mesmo a punir o general, atingindo o Presidente, não lhe restaria a não ser pedir demissão. A crise atingiria nível maior.

Nos lembremos que ao longo da História, grandes Comandantes souberam manter sua liderança, mesmo com perdões a transgressores. De Gaulle salvou Petain da morte, terminada a Guerra, quando anulou sua execução. A autoridade do Comandante poderá não se deteriorar se souber agir em próximos episódios.

A esta altura, o mais sensato é não fomentar crises de nenhuma espécie. Aguardemos as eleições, estão chegando, a campanha já começou. 

Muitos dizem, com toda razão, que os setores mais extremados dentro das Forças Armadas e das polícias estarão mais soltos, atuarão de maneira mais livre contra as liberdades e a democracia. Esses setores sempre existiram, claro que com a eleição de Bolsonaro ficaram fortalecidos. O conservadorismo sempre se utilizou deles para praticar barbaridades para manter seus privilégios: levou Getúlio ao suicídio, tentou impedir a posse de Juscelino e derrubou Jango. Atingiram seu ponto alto quando participaram da derrubada de uma Presidente eleita e honesta, colocaram um ex-presidente na cadeia e elegeram Bolsonaro.

Foi pena, é de se muito lamentar que os governos populares não tenham procurado colocar as Forças Armadas caminhando ao lado do povo brasileiro, participando dos avanços da nossa gente com menos miséria e pobreza menor, avanços na educação e moradia. Acima de tudo: o Brasil se colocando no mundo em uma posição de respeito. Deixaram as Forças Armadas soltas e influenciadas pelo atraso.

Um dos fatores de contenção dessa gente desvairada é o desgaste do próprio governo Bolsonaro, mediocridade, negação de seus propósitos, destemperos, o Brasil pior, os brasileiros sofrendo ainda mais. Não é razoável esperar que boa porção das Forças Armadas venha transgredir leis e a Constituição para defender golpes e ilegalidades de um governo da doença, da miséria, da incompetência e já com casos palpáveis de corrupção. Pior: que envergonha e humilha o Brasil aos olhos do mundo.

A situação de Bolsonaro, com este episódio, é pior, mais enfraquecida nas Forças Armadas.

Além disso, a política é fator de contenção, mesmo empobrecida como se encontra, com atores tão fracos, mas que de vez em quando se manifesta, como vemos na CPI. E as eleições. As eleições serão o desaguadouro de todas as forças de atuação política e das nossas esperanças. A direita estará na campanha de Bolsonaro. As forças populares, com Lula. E ainda algumas correntes na rabeira. Mas todos na eleição.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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