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    Valéria Guerra Reiter

    Escritora, historiadora, atriz, diretora teatral, professora e colunista

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    Combater à pobreza e à corrupção no país da colonialidade

    No Brasil, hoje, vivemos um clima de eleição futura. Milhares morreram (613 mil, fora as subnotificações) em função da desigualdade articulada com à extrema-direita

    Endireitar? Significa colocar no caminho correto. Será que o povo brasileiro está torto, e precisa de ser endireitado? Através de um controle externo condenado?

    What is left?

    Em Turim, 1992, ocorreu um seminário que questionou exatamente isto: "O que é Esquerda"?

    Lá, as respostas foram as mais disparatadas e contraditórias: "A esquerda não existe mais", "A esquerda foi sepultada sob as ruínas do universo soviético", "Se a esquerda é o que tradicionalmente significava, então o colapso do sistema bolchevique é um triunfo para a esquerda, ao lhe abrir possibilidades que haviam sido sepultadas por aquele sistema de tirania de 1917" 

    Podemos ser totalitários de esquerda? As disputas entre esquerda e direita são artificiais e enganosas? De acordo com Bobbio (2011. p. 103), o discurso sobre direita e esquerda, que fora analisado em seu livro “Direita e Esquerda”, nasceu de estudos sobre a nova direita radical, realizado por estudiosos que têm por esta uma profunda aversão. Hierarquia e desigualdade, por certo, estão no âmago da díade secular "esquerda-direita". 

    No Brasil, hoje, vivemos um clima de eleição futura. Milhares morreram (613 mil, fora as subnotificações) em função da desigualdade articulada com à extrema-direita. A mesma extrema-direita que teve em seu quadro ministerial, alguém que criou um programa excludente em relação à Segurança Pública, alargando o EXCLUDENTE DE ILICITUDE, que faz do medo, surpresa ou violenta emoção prerrogativas de liberdade e redução de pena para o agente policial, que atirar e matar pessoas. 

    O ex-ministro é pré-candidato e poderá vir a ser presidente, em um país onde 20 milhões vivem sob insegurança alimentar, vítimas da colonialidade atroz. E onde se encontra (alojada no cume da pirâmide) uma minoria privilegiada, que pode estar nadando no mar da corrupção. A fatia do bolo destinada aos que habitam a base de esta mesma pirâmide social desequilibrada é ínfima, e isso, claro, gera corrupção e crime. Fica óbvio entender que não há interesse de melhoria, a indústria sólida da desigualdade retroalimenta o sistema neoliberal

    A esquerda que luta realmente por justiça social, precisa vislumbrar a necessidade de mudança real, afinal os dois pilares declarados em entrevista pelo candidato que se auto intitula de centro-direita, apesar da suspeição: entoa o velho jargão de campanha de combate à pobreza, e combate à corrupção. Será que o povo irá sobreviver a tantos golpes?

    Que faz subir ao trono dos desmandos coloniais: os "velhos" fantoches do imperialismo, que se aproveitam dos efeitos da colonialidade sul americana e das sevícias da corrupção estrutural para continuar fazendo o trabalho torpe de redistribuição de desigualdades? 

    REFERÊNCIAS:

    Bobbio, Norberto, 1909-2004

    Direita e Esquerda: razões e significados de uma distinção política/ Norberto Bobbio; tradução Marco Aurélio Nogueira – 3.ed. São Paulo: Editora Unesp, 2011. 

    http://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/sur-sur/20100624103322/12_Quijano.pdf 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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