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    Sara York

    Sara Wagner York ou Sara Wagner Pimenta Gonçalves Junior é graduada em Letras - Inglês (UNESA), Pedagogia (UERJ) e Vernáculas (UNESA), especialista em Gênero e Sexualidades (IMS/CLAM/UERJ), mestre em educação (UERJ) e doutoranda em Formação de Professoras/es (UERJ), pai, avó, pesquisadora e professora, a travesti da/na Educação.cialista em Gênero e Sexualidades (IMS/CLAM/UERJ), mestre em educação (UERJ) e doutoranda em Formação de Professoras/es (UERJ), pai, avó, pesquisadora e professora, a travesti da/na Educação. Jornalista SRD/6474794/2024

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    Conclave, o filme (2024)

    Imagine uma bomba caindo no Vaticano durante o Conclave e logo após a morte do Papa? Calma! A bomba pode ser mais impactante que você pensa

    Conclave, 2024 (Foto: Reprodução)

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    O Vaticano, sede da Igreja Católica e centro espiritual de mais de 1,3 bilhão de fiéis ao redor do mundo, mantém um poder que ultrapassa a esfera religiosa, influenciando questões políticas, sociais e culturais globais. Embora seja o menor estado soberano do mundo, a Santa Sé exerce um impacto considerável em pautas internacionais, como direitos humanos, justiça social, ecologia e relações diplomáticas.

    Sob a liderança do Papa Francisco, o Vaticano busca conciliar ensinamentos tradicionais com respostas a questões contemporâneas. O pontífice é conhecido por abordar temas como imigração, pobreza, meio ambiente e até reformas internas na Igreja. Essa postura, considerada por muitos como reformista, gera tensões dentro da própria instituição, especialmente com alas mais conservadoras que defendem uma abordagem rígida aos valores doutrinários. E com temas emergentes relacionados a pessoas LGBTI+ sempre há algo que não encaixa. Um dia usa palavras pejorativas, noutro pede desculpas e abençoa algum elemento da comunidade.

    Diplomacia Vaticana: Uma Influência Global Silenciosa

    A diplomacia vaticana é uma das mais antigas e respeitadas do mundo. Com relações diplomáticas com mais de 180 países, a Santa Sé atua ativamente em negociações de paz e mediações, especialmente em regiões onde a presença católica é significativa. Em 2014, por exemplo, o Vaticano teve papel crucial na aproximação entre Estados Unidos e Cuba. Sua postura de neutralidade e respeito internacional faz do Vaticano um mediador (quase sempre) confiável em questões globais, com presença constante nas Nações Unidas e forte atuação em pautas como direitos humanos, controle de armas e mudanças climáticas. Pausa dramática sobre o direito de pessoas com útero!

    Ecologia e Direitos Humanos: A Encíclica Laudato Si’ e o Compromisso com o Meio Ambiente

    Em 2015, a publicação da encíclica Laudato Si’ marcou uma mudança significativa no posicionamento da Igreja em relação à crise ambiental. A carta apostólica do Papa Francisco chamou a atenção para a exploração indiscriminada de recursos naturais e para a responsabilidade de preservação do planeta, tornando-se uma referência nos debates sobre sustentabilidade. A defesa dos direitos humanos é outra prioridade do Vaticano, refletida nas constantes ações de apoio a migrantes e refugiados. Essa postura de acolhimento é vista como resposta aos desafios de uma era globalizada e em crise humanitária que se intensifica cotidiamente. Seja pelos poderes extra governamentais dos donos das big tecs, seja pelo poder intergovernamental, que entendeu que já que está mal, cada um que pegue seu bote. A sinfonia segue fazendo barulho enquanto o navio afunda.

    Reforma Interna: Transparência e Escândalos

    Apesar de seu poder no cenário global, o Vaticano enfrenta desafios internos, com esforços contínuos para promover reformas financeiras e de governança. A instituição tem sido abalada por escândalos de corrupção e casos de abuso sexual, trazendo à tona questionamentos sobre sua estrutura. O Papa Francisco, desde o início de seu pontificado, instituiu reformas para garantir maior transparência e responsabilização, criando novos órgãos de fiscalização e substituindo líderes de alto escalão envolvidos em denúncias. Contudo, a resistência interna ainda é expressiva, evidenciando a divisão entre setores reformistas e conservadores. Donos de incontáveis propriedades, o dinheiro vem de todos os lados. Um aluno prospero do "properidade biblica-mas-depende" é Edir Macedo, que fez sua fortuna abrindo igrejas em nome de deus e si mesmo, sempre livres de impostos e a noite, vendendo em sua "Fazenda", corpos, fofocas e todo tipo de bizarrice.

    Ideologia de Gênero e a Influência Católica

    Um dos temas em que a influência do Vaticano se torna mais evidente é o debate sobre a chamada “ideologia de gênero”. O termo, que surgiu entre meados da década de 1990 e início dos anos 2000 no âmbito do Conselho Pontifício para a Família e da Congregação para a Doutrina da Fé (anteriormente conhecida como Santa Inquisição Romana e Universal), foi disseminado como uma crítica aos estudos de gênero e às identidades que desafiam o sistema binário de gênero homem/mulher. Como apontam artigos de Sara Bargangnole, da Itália, o conceito se espalhou rapidamente pelo mundo, repercutido inclusive por grupos evangélicos neopetencostais e ultra-conservadores. Católicos e evangélicos unidos, e nem era por amor!

    A crítica à “ideologia de gênero” por parte da ala conservadora da Igreja Católica vai de encontro aos estudos de gênero que propõem uma visão mais inclusiva sobre identidades e sexualidades. Teóricos como Judith Butler (*Gender Trouble*), Eve Kosofsky Sedgwick (*Epistemology of the Closet*), Joan Wallach Scott (*Gender and the Politics of History*) e Sara Ahmed (*Queer Phenomenology*) argumentam que as categorias “homem” e “mulher” são construções sociais e culturais, inadequadas para capturar a diversidade e complexidade das identidades contemporâneas. Esses autores defendem que identidade de gênero é fluida e que a rigidez binária não corresponde à realidade atual. No Brasil, intelectuais de destaque também reafirmam essas teorias, mas enfrentam o contraponto de setores religiosos que, ao popularizar a “ideologia de gênero”, criam um pânico moral que serve como ferramenta de dominação e controle.

    Um exemplo concreto da fragilidade dessas categorias binárias é a condição das pessoas intersexo, cujos corpos não se encaixam nas normas de “masculino” e “feminino”. Estima-se que aproximadamente 1,7% da população mundial seja intersexo (ONU), mas a variação intersexo humana é vasta, com mais de 150 formas diferentes catalogadas pela Associação Brasileira de Intersexos (ABRAI). Esses dados revelam um universo amplamente subnotificado e indicam que a diversidade de gêneros e corpos está presente em uma escala global, contrariando noções simplistas de gênero.

    O Futuro do Poder Vaticano

    O Vaticano continua a exercer uma influência significativa no cenário global, especialmente em questões de ética, direitos humanos e política internacional. No entanto, o crescente clamor por uma sociedade mais inclusiva e pluralista desafia a Igreja a repensar suas posições. Filmes como Conclave* convidam a sociedade a refletir sobre preconceitos e normas enraizados e a se perguntar: estamos preparados para aceitar e legitimar indivíduos cujas identidades e corpos desafiam nossas noções tradicionais de legitimidade?

    PS: Fiz o máximo para não dar spoiler nesse texto sobre esse filme que leva nota 10/10.

    Título: Conclave (Original)

    Ano produção: 2024

    Dirigido por Edward Berger

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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