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    Joaquim de Carvalho

    Colunista do 247, foi subeditor de Veja e repórter do Jornal Nacional, entre outros veículos. Ganhou os prêmios Esso (equipe, 1992), Vladimir Herzog e Jornalismo Social (revista Imprensa). E-mail: joaquim@brasil247.com.br

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    Contra fatos não há argumentos: o Brasil teve um ladrão na presidência da República

    É hora dos bolsonaristas aceitarem a realidade e fazerem como alemães na era pós-Hitler

    Jair Bolsonaro (Foto: Reuters)

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    Em 7 de dezembro de 1970, o então chanceler alemão, Willy Brandt, se ajoelhou diante do Memorial aos Heróis do Gueto de Varsóvia. Era mais do que um pedido de perdão. Era o reconhecimento de que Adolf Hitler fez mal não apenas aos judeus e a outras minorias como prejudicou os próprios alemães.

    Brandt era social-democrata desde a juventude e foi perseguido pelos nazistas, a ponto de exilar na Noruega e perder a cidadania alemã. Mas a recuperou com a derrota de Hitler e se tornou um dos políticos mais populares de seu país, o que demonstra que muitos alemães que haviam apoiado o nazismo reviram sua posição.

    No Brasil, o bolsonarismo foi responsável pela gestão criminosa da saúde durante a pandemia, que resultou em mais de 700 mil mortes, muito acima da média mundial, e a incompetência nas demais áreas, aliada a um discurso de ódio que gerou um ambiente de violência e insegurança.

    Agora, vêm à tona as provas de que, por trás do discurso ideológico, baseado em ideias anacrônicas como anticomunismo, sempre existiu uma organização corrupta. Pelo que demonstra o inquérito das joias, Bolsonaro é um ladrão que ocupou o Palácio do Planalto.

    A desonestidade dele já estava comprovada no inquérito conduzido pelo Ministério Público do Rio de Janeiro que mostrou o desvio de bem público através da apropriação de salários de assessores pagos com o dinheiro dos impostos. 

    Também se soube que era ladrão com as informações levadas pela segunda ex-mulher, Ana Cristina Siqueira do Valle, a um processo de divórcio, em 2008. Entre outros delitos, Bolsonaro foi acusado de roubar um cofre em nome dela, no Banco do Brasil, que teria sido contratado por ele mesmo. 

    Só eles podem dizer o que guardavam lá, mas pouco coisa não deve ser. Ana Cristina também acusou o ex-marido de comprar uma casa no condomínio Vivendas da Barra por preço subfaturado, por não ter condições de pagar com dinheiro de fonte lícita.

    Ela também disse que a renda de Bolsonaro era quatro vezes o valor de seu salário como deputado federal, somado aos proventos da aposentadoria proporcional do Exército, que obteve aos 33 anos de idade, quando iniciou sua carreira política.

    Os sinais veementes de desonestidade de Bolsonaro eram públicos quando se candidatou a presidente. Mas a mídia corporativa deu pouca ênfase, num ambiente altamente polarizado e com uma campanha antipetista em curso.

    Na véspera da eleição de 2018, o jornal O Estado de S. Paulo publicou editorial cujo título era “Uma escolha muito difícil”, equiparando a biografia de um ladrão à de um professor universitário, com formação em direito, economia e ciência política.

    Certamente não há 57 milhões de fascistas no Brasil. Portanto, nem todos que votaram em Bolsonaro em 2018 são politicamente engajados na ideologia que ele expressa. Talvez tenham acreditado na mentira de que era um homem simples, que comia pão com margarina no café da manhã e tomava uma xícara de café.

    Agora, quando se sabe que ele desviou bens públicos de alto valor para fazer caixa pessoal, os brasileiros de boa-fé podem rever sua posição e mostrar ao mundo que, definitivamente, um ladrão não pode ser um dos líderes políticos. O Brasil é muito melhor do que isso, é uma nação decente.

    Lugar de ladrão é na cadeia.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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