Crescimento que vale é o do povo
Se em 2016 Donald Trump foi eleito presidente - na onda conservadora que varreu o país - e conseguiu maioria republicana no Congresso norte-americano, desta vez teve de assistir ao avanço dos Democratas, que voltam a comandar a Câmara dos Representantes (equivalente à nossa Câmara Federal) após oito anos
O povo cochila, mas não adormece. Esse foi o recado das urnas ao presidente Donald Trump, nas eleições de terça-feira (6). Se em 2016 o ex-apresentador de tevê foi eleito presidente - na onda conservadora que varreu o país - e conseguiu maioria republicana no Congresso norte-americano, desta vez teve de assistir ao avanço dos Democratas, que voltam a comandar a Câmara dos Representantes (equivalente à nossa Câmara Federal) após oito anos.
O resultado das eleições de meio de mandato é reflexo das medidas retrógradas de Trump, sobretudo contra as minorias. Em 22 meses no cargo, ele implementou uma política migratória agressiva, dando as costas a refugiados, separando mães imigrantes de seus filhos na fronteira; e, com seu discurso de ódio, estimula a xenofobia, o preconceito e o racismo, gerando uma série de atos violentos no país.
Enquanto não consegue construir seu sonhado muro do ódio na fronteira com o México, Donald Trump ataca direitos até de quem está legal no país. Cidadãos americanos nascidos em cidades próximas à fronteira com o México, por exemplo, não estão conseguindo renovar o passaporte. Além disso, Trump quer acabar com a cidadania de filhos de imigrantes nascidos nos EUA, sob o argumento de que “custam bilhões de dólares ao país, o que é injusto com nossos cidadãos”.
Além dos imigrantes, Trump ameaça direitos da comunidade LGBT, conquistados no governo Barack Obama. Está em debate no Departamento de Saúde e Serviços Humanos uma proposta que acaba com os direitos civis dos transgêneros. A medida - que, se aprovada, impedirá que homens e mulheres trans sejam legalmente reconhecidos - tem gerado protestos. Nos cartazes, uma manifestação de resistência pela existência: “We Won’t Be Erased” (não seremos apagados)
A postura radical lhe rendeu o recorde de desaprovação desde sua posse, em janeiro de 2017. Segundo pesquisa encomendada pelo jornal Washington Post e a rede de televisão ABC News, 60% dos americanos reprovam o presidente. O índice só não é maior por conta dos avanços do governo republicano na área econômica.
Graças à reforma fiscal proposta por ele e aprovada pelo Congresso em dezembro de 2017, no auge de sua popularidade, o PIB (produto interno bruto) norte-americano cresceu 4,1% no segundo trimestre. Na esteira da alta do consumo, a taxa de desemprego caiu dos históricos 5,5% mensais para 3,7% em setembro, a menor em quase 50 anos.
Embora tenha turbinado a produção e o consumo, a mudança no sistema tributário estimulou a terceirização e pode aumentar a desigualdade, já que reduz empréstimos estudantis e impostos sobre propriedade. Traduzindo: Trump reduziu impostos cobrados das empresas, estimulou a geração de emprego e bombou a economia. E quem vai pagar a conta? A população mais pobre, é claro.
O caso americano é um exemplo de que não se constrói uma nação democrática e soberana apenas com desenvolvimento econômico a qualquer preço. O Estado, antes de qualquer coisa, precisa cuidar das pessoas e garantir o pleno exercício da cidadania, considerando necessidades, aspectos humanitários, diferenças e peculiaridades.
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