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Francisco Calmon

Ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça; membro da Coordenação do Fórum Direito à Memória, Verdade e Justiça do Espírito Santo. Membro da Frente Brasil Popular do ES

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Cuidado com os abutres

São negacionistas e privatistas em tudo. São culpados, por dolo eventual, dessa catástrofe

Catástrofe climática no Rio Grande do Sul (Foto: Agência Brasil)

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Os eventos climáticos voltarão a acontecer e até pior. O que não deve voltar a ocorrer é a mesma ou pior tragédia humana.

É hora de buscar culpados antes que continuem a se multiplicarem, que continuem a aplicar o modelo negacionista de desenvolvimento insustentável e de apropriação dos interesses privados.

Negaram a ciência e a Covid-19 ceifou a vida de 400 brasileiros que podia ter sido evitada.

Negaram a crise ambiental, não tomaram medidas preventivas e desobedeceram a legislações, e na crise permanecem sem sequer ouvir com atenção as recomendações de cientistas; preferiram o risco do dolo eventual a adotar um modelo sustentável da gestão pública, em estrita obediência à ciência e proteção à população.  

Segundo a imprensa, mais de 2,3 milhões de pessoas estão com problemas, 450 dos 497 municípios do Rio Grande do Sul sofreram com as enchentes, 154 pessoas já morreram e 95 estão desaparecidos. 

Governador e notadamente o prefeito de Porto Alegre não são confiáveis, não gozam de probidade, de espírito público acima dos interesses dos negócios empresarias.

São negacionistas e privatistas em tudo. São culpados, por dolo eventual, dessa catástrofe. 

Considerando o cenário de guerra da catástrofe ambiental e humana, o governador Eduardo Leite e o prefeito Sebastião de Araújo Melo equivalem a criminosos de guerra. 

A preocupação do governador Leite é com o comércio e não com os desabrigados que estão carentes das doações. As doações em profusão demonstram o espírito solidário do povo brasileiro. E disso o Brasil tem que se orgulhar! 

Enquanto o governador demonstra o quanto despreparado está para gerir uma crise e não ter espirito estadista, o Estado brasileiro se mobiliza para minorar os efeitos e empenho na reconstrução do Rio Grande do Sul. 

São nas gafes, nos atos falhos que o inconsciente fala a verdade, é o famoso "Freud explica". Quando o Leite fala de improviso, deixa sua ideologia prevalecer e se arrepende pelo leite derramado. Vai se retratar e o conserto fica pior que o original.

A jornalista da Globo News ao comparar a dor da tragédia dos gaúchos com o que sentiu quando furtaram suas joias é outro exemplo ideológico, para ela há equivalência entre perdas de joias com perdas humanas – de vida, de moradia, de emprego, de saúde. 

Leite e Castanheda mostram a face perversa da ideologia burguesa.

O modelo para a reconstrução do RS não pode ser o mesmo que levou à tragédia ambiental e humana. 

Os cientistas da área de saúde tiveram papel fundamental para minimizar o negacionismo e o genocídio do governo, de estrema direita, no combate à covid-19, novamente os cientistas têm o mister relevante na reconstrução do Rio Grande. Tanto para minorar os efeitos deletérios da tragédia, como para a construção de um novo Rio Grande do Sul.  

É imperativo colocar o povo e a natureza como referências centrais de um novo modelo em lugar do modelo anterior, que era voltado para os interesses das elites, das corporações e eleitoreiros.

Paulo Pimenta, gaúcho e que conhece o RS, está tendo bom desempenho durante esta tragédia, contudo, acho paradoxal, ser a mais alta autoridade federal no Rio Grande e continuar na SECON. 

Tem a confiança do presidente, condição imprescindível, contudo, deve ser também exclusivo, e, por outro lado, a SECON não viver na interinidade.  Interino não tem a mesma autonomia. 

Um novo modelo para o Sul não é questão de poucos meses, será de anos, portanto, Paulo Pimenta deveria ficar exclusivamente no Ministério extraordinário, até porque e por outro lado, quem tem feito a melhor comunicação do governo tem sido a presidenta do PT, o que não deveria, visto que o governo não é um modo petista de governar, e, sim, de ampla frente centrista. 

Quem leu, releia, que não leu, leia, o livro Doutrina do Choque de Naomi Klein.

Os empresários abutres são como aves de rapina, esperando o cadáver perder os movimentos para atacarem sem dó e piedade do povo, mas com toda a ganância em busca de muito lucro. 

Se aproveitam da situação para propor e impor, através de forte lobby dos políticos   que os representam, o que, em época normal, numa democracia, na qual o povo não está tão fragilizado e ansioso, não conseguem.

Geralmente são modelos prontos e genéricos, sem levar em conta a realidade concreta do local, sem fazer um diagnóstico, e dado ao estado de calamidade e urgência empurram soluções prodigiosas no papel, conseguem o contrato, e depois na prática as soluções se demonstram tendenciosas, ilusórias e caras.  

É época em que os abutres do capitalismo de desastre procuram excluir as comunidades pobres de determinados territórios para a valorização imobiliária.

Se comportam como os abutres na natureza, que se alimentam de animais mortos ou moribundos. 

Exacerbam as dificuldades e a precarização da tragédia, impactando negativamente as economias locais e a população, para vender “falsas” e as vezes desonestas soluções. 

Abutres são aves de rapina que apresentam hábitos necrófagos, ou seja, se alimentam de animais mortos. São aves grandes que contam com uma visão muito bem desenvolvida. Os empresários abutres também são grandes e com visão aguçada para as oportunidades de lucros alavancados.

Os filtros e controles devem ser muitos e rigorosos para que o dinheiro público não seja desviado e desperdiçado e a reconstrução não atenda prioritariamente à população.

O que puder chegar direto aos necessitados, assim deve ser priorizado, o que for por meio de empresas deve seguir rigoroso planejamento com parâmetros técnicos transparentes.

Este será o desafio da autoridade federal no RS representando o Presidente Lula, cuja empatia com o povo é exemplar.

Quando a história e a teoria científica nos advertem e não tomamos as medidas para evitar, acaba-se pela cumplicidade objetiva.

O Ministério extraordinário, sob a chefia do Paulo Pimenta, deve elaborar um planejamento global da reconstrução do RS, com olhar macro da região sul, ou seja, incluindo os vizinhos, Paraná e Santa Catarina, e, por outro lado, traçar um plano emergencial, a partir de demandas da população, particularmente em relação às crianças, e empresarial, donde sairiam empreendimentos público-privado.

A solidariedade nacional e internacional ao povo gaúcho tem sido extraordinária, o Presidente Lula, com sua elevada empatia, mobilizando todos os poderes republicanos no socorro ao Rio Grande, é fator de motivação, pelas palavras e ações, à comunidade humana do planeta. 

Indiferente está o mercado financeiro, que continua especulando!

É importante que esses valores, em contraste com a pestilenta extrema-direita, que ria da desgraça alheia, que negava ajuda e pregava a indiferença e o ódio, sejam cultivados por todos os militantes humanistas, para que a sociedade restaure a sua crença na generosidade e solidariedade humanas.

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