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    Renato Rovai

    Renato Rovai é editor da Revista Fórum

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    Datafolha é bom pra Lula, mas é cedo demais para salto alto

    "É aconselhável que os petistas mais assanhados coloquem a sandália da humildade", diz o jornalista Renato Rovai

    (Foto: Ricardo Stuckert)

    Por Renato Rovai 

    O último Datafolha confirma o imenso favoritismo de Lula para a eleição de 2022. Ele ganha no 1º turno em todos os cenários. E lidera em praticamente todos os segmentos, incluído o eleitorado evangélico. Um passeio, ok. Mas um processo eleitoral em tempos de internet e imensa interação em redes digitais é algo que pode sofrer mudanças bruscas em curtíssimo espaço de tempo. Ou seja, dez meses são um imenso oceano a atravessar. 

    O que parece deixar claro o último Datafolha é que Bolsonaro tem pouquíssimas chances de se recuperar. Mesmo com a exposição natural de presidente, mesmo com a chegada do auxílio emergencial, mesmo a pesquisa tendo sido feita em dezembro quando a popularidade de governantes costuma melhorar por conta do 13º salário e do aquecimento do mercado de trabalho, mesmo com a superação da fase crítica da pandemia, mesmo com tudo isso, o mais novo filiado do PL se manteve em 22%. 

    Segundo turno?

    Se até uns meses este blogueiro dava como certo um 2º turno entre Lula e o atual presidente, hoje não mais. 

    Por um lado, a sorte de Bolsonaro é que os outros candidatos parecem não empolgar. Moro, o juiz ladrão, segundo o deputado Glauber Braga, não chegou aos dois dígitos. Pela exposição que já teve ao prender Lula e agora quando foi lançado pela Globo como seu representante no pleito, isso é pouco. Se essa é a sorte de Bolsonaro, também é seu azar. Porque os votos que perde, especialmente dos setores populares, estão migrando em boa parte para Lula. Se isso continuar acontecendo, o primeiro turno pode se tornar realidade. 

    Pilha de dinheiro no JN

    Mas quem viveu a reeleição de Lula em 2006 sabe o quanto isso é difícil. Lula fazia um governo muito bem avaliado e o seu principal oponente era Geraldo Alckmin, que agora pode ser seu vice. O candidato do PSDB não empolgava e havia enorme expectativa que a eleição se decidisse em 1 de outubro. Todas as pesquisas indicavam isso. Mas a Globo e outros meios de comunicação não queriam. O que fizeram? Arrumaram um delegado picareta para montar uma cena com pilhas de dinheiro que seriam usadas por petistas para comprar um dossiê que poderia atingir a candidatura Serra, que naquele ano disputava o governo do estado de São Paulo. A Globo deixou inclusive de noticiar a queda de um avião da Gol que matou 154 pessoas para poder dedicar todo o Jornal Nacional para aquela história. Muitas rádios e jornais do país fizeram o mesmo. Preferiram a história do dossiê à tragédia do avião. E isso foi usado para desgastar Lula ao máximo, fazendo com que nos últimos dias do pleito perdesse votos principalmente nos setores médios e nos centros urbanos. E teve 2o turno. 

    É verdade que Alckmin acabou tendo menos votos na etapa final do que na primeira, o que é algo absolutamente inusitado. Mas foi preciso enfrentar o risco. 

    Sandália da humildade

    Muito dificilmente será diferente em 2022. Por isso é aconselhável que os petistas mais assanhados coloquem a sandália da humildade. Ficar falando que Lula não precisa de um vice que amplie, dando certo equilíbrio a chapa para mandar um recado a um pedaço do eleitorado que pode ser decisivo numa disputa de 2º turno, não é o que se pode chamar exatamente de algo inteligente. O buraco é bem mais embaixo. E ainda bem que Lula sabe disso. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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