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      Aquiles Lins

      Aquiles Lins é colunista do Brasil 247, comentarista da TV 247 e diretor de projetos especiais do grupo.

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      De olho no espólio, governadores fingem aposta na impunidade de Bolsonaro

      O objetivo dos governadores não é defender a democracia, mas herdar o capital político de Bolsonaro junto ao eleitorado conservador, escreve Aquiles Lins

      Romeu Zema, Ratinho Júnior, Tarcísio de Freitas e Ronaldo Caiado (Foto: Reprodução/X/@RomeuZema)

      Sete governadores de direita subiram ao palanque ao lado de Jair Bolsonaro neste domingo (6), em São Paulo, em defesa da anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. O gesto, liderado por Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), escancarou mais do que uma tentativa de reescrever os ataques à democracia como um episódio menor e perdoável: revelou uma aposta política calculada de quem mira herdar os votos do ex-presidente.

      Ao lado de Tarcísio estavam Ronaldo Caiado (União-GO), Romeu Zema (Novo-MG), Ratinho Júnior (PSD-PR), Jorginho Mello (PL-SC), Wilson Lima (União-AM) e Mauro Mendes (União-MT). Todos sabem que Bolsonaro está acuado pela Justiça, prestes a ser condenado por uma série de crimes que incluem tentativa de golpe de Estado, formação de organização criminosa e falsificação de dados de vacinação. Mesmo assim, decidiram confrontar o Supremo Tribunal Federal (STF) e insuflar uma base reacionária, como se ainda pudessem reverter os fatos.

      O discurso de Tarcísio de que “pedir anistia não é uma heresia” tenta travestir de paz o que é, na verdade, cumplicidade com a impunidade. Ao evocar leis do período colonial para justificar o perdão, o governador paulista busca esconder a verdade incômoda: anistiar golpistas não reconcilia o país — apenas abre caminho para que novos ataques ocorram.

      Os governadores que participaram do ato sabem que Bolsonaro foi derrotado de forma democrática e legítima em 2022, e que o Brasil vive agora um momento de reconstrução, com avanços econômicos concretos: mais de 2,2 milhões de empregos gerados, aumento de 23% nos investimentos públicos e a maior redução da fome em dez anos. O que os move, portanto, não é preocupação com a estabilidade institucional, mas sim o desejo de capitalizar politicamente em cima do bolsonarismo, ainda influente entre parcelas do eleitorado conservador.

      Essa encenação de “pacificação” é, no fundo, uma tática eleitoral. Ao confrontar o STF e defender criminosos condenados, esses governadores tentam ocupar o espaço deixado por Bolsonaro. Mas há um preço alto nessa escolha: o enfraquecimento da confiança nas instituições e o estímulo à extrema direita golpista que já mostrou, com clareza, sua disposição para a violência política.

      O Brasil não precisa de líderes que relativizam crimes contra a democracia por conveniência eleitoral. Precisa de governantes comprometidos com a Constituição, a verdade e a justiça. O Judiciário não pode se curvar a pressões políticas nem ceder ao apelo de quem aposta na impunidade. Ao contrário, deve agir com independência para garantir que todos os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro — de executores a mandantes — sejam julgados e punidos conforme a lei. É assim que se protege uma democracia. E é assim que se evita que o país volte a ser refém de aventureiros políticos que confundem perdão com permissividade.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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