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    Luciano Teles

    Professor adjunto de História do Brasil e da Amazônia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e autor de artigos e livros sobre a história da imprensa operária e do movimento de trabalhadores no Amazonas.

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    Debelar o racismo é tarefa urgente!

    (Foto: Pixabay)

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    Racismo nunca mais! É inadmissível, desumano, excludente, explorador e, acima de tudo, algo que revela o pior da espécie humana na terra. Mas é, sobretudo, crime. Debelar o racismo é tarefa urgente no Brasil. 

    O Brasil foi o último país das Américas a abolir a escravidão, em 1888. Isto por força de uma forte pressão internacional contra o tráfico negreiro e a escravidão, mas também por uma intensa luta interna dinamizada pelos abolicionistas e, principalmente, pelos escravos que constantemente reagiam ao trabalho compulsório nas atividades agrícolas e urbanas (escravos de ganho, por exemplo), não aceitando passivos tal situação. 

    Muitos resistiam e lutavam contra a escravidão, revoltando-se, fugindo, etc. Outros fundando associações de cor para se fortalecerem em união e lutarem por liberdade e justiça social. Esses movimentos foram combatidos pela elite (escravocrata e agrícola brasileira), que não mediu esforços em tentar capturar os escravos que haviam fugido, em sufocar de forma ferrenha as revoltas e protestos e em fechar as associações que reuniam os homens de cor. 

    As constantes e duras ações de luta e resistência dos negros, internamente, concorreram para o fim da escravidão em abril de 1888. Nada de concessão (de uma princesa benevolente), e sim enfrentamento contra os interesses da elite agrária brasileira que durou anos, décadas, séculos. Afinal, foram séculos de escravidão! 

    Entrementes, a abolição da escravidão não significou o reconhecimento social/cultural e a inclusão social dos africanos e afrodescendentes na sociedade brasileira. Ainda seria necessário lutar contra o esforço realizado pelo Estado e pela elite brasileira (mas que não obteve sucesso) de ocultar/apagar a existência dessas culturas vistas, por eles, como indesejáveis, inferiores e atrasadas.

    Isso gerou, no início do século XX, a elaboração de políticas eugênicas (preferência pela cultura europeia), as quais estabeleciam na prática a prioridade de homens brancos e europeus (por serem vistos como superiores e, portanto, melhores), em detrimento de afrodescendentes (e indígenas), no mercado de trabalho e em programas estatais de colônias agrícolas, por exemplo. Tais políticas infelizmente, ao que parece, acabaram propiciando a continuação dessas preferências na mentalidade e na prática de um amplo setor da elite nacional que tem suas raízes fincadas na escravidão.

    Hoje, 20 de novembro de 2022 (e todos os dias), torna-se fundamental dizer (nas escolas, nas esquinas, nos espaços de lazer ou trabalho, enfim, em qualquer lugar de sociabilidade) acerca de homens e mulheres afrodescendentes que agiram individualmente (alguns, pelas suas relações sociais, conseguiram destaque social, como Luiz Gama, Dandara dos Palmares, Abdias do Nascimento, entre outros) e/ou coletivamente (movimentos negros) em busca de liberdade e de justiça social.  

    Ou seja, de falar de um transcurso de muitos rostos e corpos, de muitos combates e conquistas – criminalização do racismo, políticas de afirmação social, de cotas... –, mas que ainda não se encerrou. É necessário jogar o racismo de uma vez por todas no lixo, e enterrá-lo de uma vez por todas. 

    Debelar o racismo é tarefa urgente no Brasil! 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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