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    Oliveiros Marques

    Sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas

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    Defesas confirmam, foi golpe

    'O que ficou evidente é que há um único responsável pelo plano de tentativa de perpetuação do clã no poder: o patriarca', escreve Oliveiros Marques

    Jair Messias Bolsonaro em julgamento da denúncia do núcleo 1 do inquérito do golpe (Foto: ROSINEI COUTINHO/STF)

    Entre as inúmeras teses apresentadas pelos advogados de defesa dos acusados de integrar a organização criminosa que planejou e tentou executar um golpe de Estado, e que estão sendo julgados pelo Supremo Tribunal Federal, apenas uma prevaleceu no primeiro de dia de julgamento: a que confirmou a existência da tentativa de ruptura democrática, que teve seu ápice com os atos de 8 de janeiro em Brasília.

    Nenhum dos defensores — salvo engano, nem mesmo o advogado daquele apontado como o líder da organização criminosa — contestou a espinha dorsal da acusação. Todos os nobres causídicos, figuras renomadas da advocacia brasileira, não contestaram o fato da existência da tentativa de golpe. O próprio Bolsonaro, que já admitiu ter gasto mais de R$ 8 milhões com sua defesa, viu seu advogado evitar qualquer contestação à narrativa central apresentada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet.

    Diante disso, restou às defesas apenas tentar delimitar quem desempenhou papel de protagonista, quem foi mero coadjuvante ou figurante na trama golpista. E foi nesse ponto que o feitiço virou contra o feiticeiro. Não questionaram a existência da minuta do golpe, as operações Copa 2022 e Punhal, as diversas reuniões preparatórias do golpe, nem mesmo o conteúdo dito pelos atores nessas reuniões. Aliás, muitos dos advogados confirmaram todo o teor da denúncia.

    Jair Bolsonaro, mestre em abandonar aliados pelo caminho — como já fez com Carla Zambelli, que caminha para se tornar presidiária, e no passado com Paulo Marinho, Gustavo Bebianno e tantos outros —, desta vez sentiu o gosto do abandono oportunista. Em silêncio, assistiu da primeira fila ao momento em que aliados o entregaram de bandeja.

    O que ficou evidente, tanto no que foi dito quanto no subtexto do dito, é que há um único responsável pelo plano de tentativa de perpetuação do clã no poder: o patriarca. Bolsonaro, o pai, foi declarado culpado, não pelo Supremo Tribunal Federal, mas pelos advogados daqueles que um dia compartilharam consigo as aventuras passageiras do poder.

    Pelo andar da carruagem, a condenação do ex-presidente parece apenas uma questão de tempo. Os ratos já farejaram o perigo e levantaram o focinho apontando para o mar. Hoje foi o sinal de abandono do navio. Surpresa nenhuma se, em breve, aparecer alguém arrependido por não ter feito um acordo de delação premiada. Sorte de Bolsonaro que a proposta de Augusto Heleno de instituir prisão perpétua no Brasil nunca foi adiante.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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