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    Francisco Calmon

    Ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça; membro da Coordenação do Fórum Direito à Memória, Verdade e Justiça do Espírito Santo. Membro da Frente Brasil Popular do ES

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    Denúncia e o estrago na vida

    Não sei se Silvio Almeida cometeu ou não assédio, mas sei a dor de uma calúnia e difamação

    Silvio Almeida (Foto: Filipe Araújo/MINC)

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    Fui acusado pelo Jornal do Brasil, através da coluna Informe JB, em 26/06/1995, sob responsabilidade, à época, da Dora Klamer, de assédio sexual a uma funcionária que estava sob a minha chefia na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. 

    O vereador Adilson Pires, a quem eu assessorava, e estava na direção da recém-criada Assessoria de Informativa e Modernização Administrativa a seu convite, omitiu-se. 

    Neguei e denunciei como uma reação à implantação das catracas eletrônicas, para controle de frequência, que havíamos colocadas para registrar os 400 funcionários fantasmas, que recebiam remuneração sem trabalhar, inclusive jornalistas e pessoas que residiam no exterior.  

    Além disso, denunciamos os funcionários, inclusive comissionados, que haviam falsificados diplomas escolares para cumprir requisitos aos cargos ocupados, entre esses havia parentes de políticos.

    Propusemos, através do plano de cargos, a redução do quantitativo de auxiliares dos vereados em um terço, correção da gratificação dos assessores jurídicos, que recebiam dupla gratificação, quando a regra estabelecia apenas uma, por meio de um jaboti na lei orgânica municipal.  

    Mexemos num vespeiro. 

    Devido a postura do vereador Adilson Pires, outros vereadores do partido e a direção do PT se dividiram.

    Sem possiblidades políticas de continuar com os projetos da ASSIMA, moralização, informatização e modernização, decidimos, eu e todos os quatro demais da gerência do órgão, pedir exoneração. 

    Apesar da suposta assediada ter negado e de todas as nossas declarações em veículo de imprensa, a calúnia e difamação da jornalista marrom e do JB não se retrataram.   

    Entrei com uma ação de danos morais e escrevi, com a participação de Edson Moreira e Murilo Ribeiro, meus colegas de gestão, um livro de cartase chamado Sequestro Moral, e o PT com Isso?

    O JB foi condenado por centena de salários-mínimos, vigente na época, e o livro vendido em quase todas as capitais. 

    Esse episódio marcou muito a minha vida e pouco tempo depois deixei o Rio, após 40 anos de militância política, e retornei a minha cidade de Vitória- ES, donde tive que sair aos 17 anos para evitar a minha prematura prisão pela ditadura.

    Não sei se o Silvio Almeida, ministro de DH, cometeu ou não assédio, não sei o porquê da ministra Anielle Franco ter preferido esse caminho de denunciar a um órgão internacional, não sei o que está significando o beijo da Janja na ministra suposta assediada, não sei os interesses dessa ONG, mas sei a dor de uma calúnia e difamação. 

    Há muita intriga e um ambiente tóxico nesse governo cheio de contradições internas, onde uns remam para um lado e outros para outro. Onde o identitarismo se sobrepõe à consciência de classe, enquanto permanece cercado pelos três êmes e minado por dentro 

    Inobstante a falta de recursos, o ministro vinha fazendo um bom trabalho.

    Não fará mais. É uma bobagem dizer para sair, mostrar a inocência e voltar. 

    O beijo já foi dado. 

    A responsabilidade protagonista das presidentas da CA e da CEMDP será muito maior, mais exposição, assertividade, e busca de apoios institucionais e na sociedade civil.

    Ontem no dia do meu aniversário, saber dessa notícia, tirou-me um pouco da alegria. 

    No ensejo, agradeço as dezenas de manifestações carinhosas que recebi.   

    Sábado receberei as amigas e amigos para um churrasco, e, quiçá, boas notícias ocorram. 

    É a gangorra da vida. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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