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    Pedro Paiva

    Jornalista, mora em Nova York. Foi produtor e repórter do América News, jornal do canal internacional da Globo feito para a comunidade brasileiros nos Estados Unidos. É colaborador da Revista Híbrida e da USBRTV nos Estados Unidos. Acompanha a política estadunidense e outros temas importantes do país

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    Derrotar Trump nas prévias: uma missão quase impossível

    Com mais de 50% dos eleitores apoiando Trump em Iowa, se torna cada vez mais difícil para os demais candidatos conseguir provar que há um caminho possível

    Trump vence em Iowa (Foto: Reuters)

    Na noite de ontem (15), para a surpresa de absolutamente ninguém, Donald Trump saiu vencedor do Caucus de Iowa - como são chamadas as prévias em modelo de plenárias do primeiro estado a votar nos Estados Unidos. Ainda assim, a força de Trump no partido impressionou.

    Trump teve 51% dos votos, ficando quase 30 pontos à frente de Ron DeSantis, que ficou em segundo lugar com 21,2% dos votos. Essa é a maior diferença em uma eleição primária em Iowa (de ambos os partidos), batendo o recorde anterior de 1988, quando Bob Dole venceu por lá contra George H. W. Bush com uma vantagem de 13 pontos.

    Os motivos são muitos. Um deles é que Trump é um ex-presidente. O primeiro a concorrer novamente à presidência, após ser derrotado, desde Herbert Hoover, em 1940. Trump é conhecido e participou das últimas duas eleições, fazendo assim com que saia na frente em termos de base eleitoral e estrutura de campanha.

    Outra razão é que o Partido Republicano mudou, e segue sendo o Partido Republicano de Donald Trump. O ex-presidente redefiniu o que significa ser conservador nos EUA, e grande parte do conceito se tornou ser um apoiador de Donald Trump. Para os que o seguem, tudo à esquerda de Trump é “marxismo” - e não há nada à direita.

    Existe futuro nas prévias?

    Com mais de 50% dos eleitores apoiando Trump em Iowa, se torna cada vez mais difícil para os demais candidatos conseguir provar que há um caminho possível na corrida presidencial.

    Ron DeSantis, que ficou em segundo lugar, foi vitorioso por ficar à frente de Nikki Haley, porém nem tanto assim. O governador da Flórida gastou muito tempo e dinheiro em Iowa, na expectativa de sair grande no estado. Ainda assim, teve um resultado pequeno, muito próximo aos 19,1% de Haley que gastou muito menos em Iowa.

    Na próxima segunda-feira, os eleitores de New Hampshire vão às urnas. Por lá, Haley tem chances de virar, ganhando o estado. Ainda assim, um terceiro lugar em Iowa pode acabar desincentivando os eleitores a saírem para votar. Para Ron DeSantis a situação é ainda mais difícil, porque ele aparece com 5,8% na média das pesquisas.

    Existe chances de virada?

    A realidade é que derrotar Trump nas prévias é uma missão cada vez mais perto do impossível. Uma união improvável de Haley e DeSantis poderia tornar a disputa mais acirrada, mas ainda assim Trump pontua mais que os dois juntos. Haley já afirmou que poderia aceitar DeSantis como vice, mas o governador da Flórida afirma que eles são diferentes demais para isso.

    A única luz no fim do túnel para os poucos republicanos anti-Trump parece ser os casos criminais contra o ex-presidente. Uma condenação poderia virar o jogo, e, por isso, pelo menos um dos candidatos deve seguir adiante até o fim das prévias, na torcida silenciosa para que Trump seja preso.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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