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    Maura Montella

    Professora de Economia da UFRJ com 10 livros publicados, sendo o mais recente "Era só para envolver o Lula na Zelotes". Mestra em Economia Política, Doutora em Engenharia de Produção e Pós-doutora em Linguística

    13 artigos

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    Desgraça pouca é bobagem: o insuportável (Episódio 4)

    A colunista Maura Montella relata, de maneira metafórica, o modo como promíscuo como Jair Bolsonaro mistura família, "laranja" e política

    Família Bolsonaro, Fabrício Queiroz e Ana Cristina Valle (Foto: Reprodução)

    Em todo o Reino do Sul, não tinha uma viva alma que tolerasse o Bobo, nem os animais do palácio suportavam o idiota que ocupava o trono real. Certa vez, o retardado do Bobo queria obrigar o casal de emas que ornava o jardim do castelo a tomar umas pílulas vendidas pelo curandeiro da aldeia. Como se fosse normal esse tipo de atitude, Bobo ainda ameaçou as aves, dizendo que se elas não tomassem as tais pílulas, virariam jacarés e iriam viver na vala ao redor do castelo com estes outros animais. As emas, que eram mais inteligentes do que o próprio rei, trataram de enxotá-lo com umas belas e merecidas bicadas.

    Bobo era mesmo repulsivo. De todos os bichos, só o gado e alguns cavalos suportavam a sua presença. Talvez por isso, coices e chifres lhe fossem tão familiares, mas esse detalhe eu conto daqui a pouco.

    De tão insuportável, a rainha - mãe do Zero Um, Zero Dois e Zero Três - também não aguentou o marido e abandonou o trono real. Como todo nobre decadente, dizem que ela tentou guarida no Reino do Norte, mas parece que não conseguiu. Não busquei mais informações sobre a primeira rainha, porque a rainha que a sucedeu deu muito mais pano pra manga.

    Inseguro como era, Bobo não admitia ficar sozinho; precisava de uma companhia para provar sua masculinidade. Dominado por essa crença ridícula, Bobo mandou seu carrasco com um Q de Algoz aliciar a primeira aldeã que se dispusesse a passar por qualquer humilhação em troca de um lugar no trono ao lado do seu. Foi assim que Algoz introduziu uma fulana qualquer no palácio real. Esperta e interesseira, FulAna passou a ser a segunda rainha da Era Bobozoica.

    Dizem as más línguas que nunca houve amor entre o rei e a segunda rainha. Por isso, mesmo depois do casamento, Bobo continuou sua rotina de passeios apalermados (ele nunca trabalhava), ficando o menor tempo possível dentro do palácio. Era comum ver Bobo liderando alguma "Cavalciata", uma cavalgada estilizada em que ele era seguido tão somente pelos animais que ainda o suportavam, ou seja, alguns cavalos e todo o gado.

    Nessas saídas, Bobo sempre deixava FulAna, a segunda rainha, sob os cuidados de um de seus homens da guarda real, mais especificamente, do cavaleiro Ricardo Matafuegos. Ricardo era enorme, um verdadeiro Ricardão, e sua especialidade era apagar incêndios.

    Foi escolhido justamente porque a segunda rainha estava sempre com o fogo aceso, já que toda vez que Bobo saía para cavalgar, ela acendia velas pedindo aos santos para protegê-lo. Bem, pelo menos era isso que ela contava ao marido. Ricardão, portanto, era o homem ideal para tomar conta do quarto da rainha e impedir, em caso de incêndio, que o fogo se alastrasse.

    Exatos nove meses depois que Bobo intensificou sua presença nas cavalciatas, FulAna deu à luz o quarto herdeiro real, que recebeu o nome de Zero Quatro, mas que era mais conhecido como Bobo Júnior.

    O bezerro, ops!, o menino foi crescendo e se mostrando o mais sem noção dentre os quatro filhos do rei. Desde pequeno, Zero Quatro se achava muito mais do que realmente era: mais bonito, mais esperto, mais inteligente, etc., mas não passava de um abestalhado idiota tal como o pai.

    Aliás, depois do nascimento de Bobo Júnior, corria voz no povoado que Bobo Pai tinha sido feito realmente de bobo. Quem lhe contou foi Algoz, o carrasco palaciano, muito próximo a Zero Um e ao próprio rei.

    Ao fazer as contas e cair em si, Bobo Pai enlouqueceu. Apesar de conviver muito bem com o gado, não queria ele mesmo ser conhecido como chifrudo. Desesperado, sem saber o que fazer para se vingar de Ricardão Matafuegos, Bobo, como sempre, recorreu a seu fiel escudeiro Algoz, que por sua vez, tranquilizou o rei puxando a responsabilidade para si: Já tá nos esquemas, chefia. Eu sô ou num sô palaciano? Tá com o Algozinho aqui, tá dominado! - teria dito Algoz.

    Apesar da confiança que tinha no carrasco real, o rei mal dormiu aquela noite. Passou a madrugada em claro esperando que Algoz chegasse no dia seguinte com a boa-nova. E ele chegou! A boa-nova também! O carrasco palaciano contou que tinha resolvido o problema de uma forma muito simples, uma vez que bastou retirar o título de nobreza do enorme rapaz. Matafuegos não seria mais um "C"avaleiro "P"alaciano do "F"ogo, pois acabara de ter seu CPF cancelado pelo próprio carrasco com um Q de Algoz.

    Bobo considerou que foi uma ótima solução para o caso e se sentiu devidamente vingado. Em seguida, expulsou a segunda rainha do reino, se aproximou de Jegues, seu conselheiro financeiro, e juntos continuaram a tocar a vida do jeito que eles mais gostavam de fazer: disseminando ódio e deixando um rastro de mortes. Mas isso, eu conto no próximo episódio. 

    Você não perde por esperar!

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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