Desinformação e democracia: a importância da Comunicação Pública contra o negacionismo
Estamos vivendo um momento crítico em que o negacionismo, alimentado pela extrema direita golpista, ameaça a estabilidade da nossa democracia
A recente divulgação da 21ª edição do Panorama Político, desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa DataSenado, trouxe à tona dados preocupantes sobre a percepção da população em relação à democracia no Brasil. A pesquisa revelou que 33% dos entrevistados estão "insatisfeitos com a democracia no Brasil", e 25% acreditam que, "em algumas situações, um governo autoritário é melhor" ou que "tanto faz ter um governo democrático ou autoritário". Embora 66% concordem que "a democracia é sempre a melhor forma de governo", o cenário é alarmante.
Estamos vivendo um momento crítico em que o negacionismo, alimentado pela extrema direita golpista, ameaça a estabilidade da nossa democracia. O aumento de fake news sobre política, saúde e mudanças climáticas demonstra a urgência de uma resposta eficaz. A desinformação não apenas confunde a opinião pública, mas também pode ter sérias consequências para a saúde e o bem-estar das pessoas. A crise da Covid-19 exemplifica como a desinformação pode levar a decisões erradas e comportamentos prejudiciais, e agora, é a própria democracia que está sob ataque. Ou já esquecemos do fatídico 8 de janeiro de 2023 em Brasília?
A comunicação pública do conhecimento surge como uma ferramenta essencial para enfrentar esse desafio. É crucial promover um diálogo aberto e baseado em evidências sobre política e ciência. Esse processo deve incluir a participação ativa das instituições de ensino, dos meios de comunicação e dos próprios políticos e cientistas. Precisamos garantir que o conhecimento científico e político seja acessível e compreensível para todos, utilizando todos os recursos disponíveis, desde a mídia tradicional até as plataformas digitais.
Investimento em alfabetização científica e política
Para combater o negacionismo e fortalecer a democracia, é necessário investir na alfabetização científica e política desde a infância. Ensinar as crianças a pensar criticamente, a questionar e a buscar evidências é fundamental para formar cidadãos informados, responsáveis e defensores da democracia. Universidades, câmaras legislativas e centros de pesquisa têm um papel crucial nesse processo, não apenas produzindo conhecimento, mas também disseminando-o de forma eficaz.
Formação de profissionais especializados
É igualmente importante investir na formação de profissionais especializados em comunicação pública da ciência e da política. Jornalistas, comunicadores e educadores devem ser capacitados para transmitir informações complexas de maneira clara e atraente. A superficialidade não é suficiente; precisamos de um aprofundamento que garanta uma compreensão sólida e precisa. É assim que vamos conseguir separar o joio do trigo nessa enxurrada de informações disseminadas diariamente e onde, infelizmente, transitam influenciadores, expoentes da comunicação e lobistas manipuladores favorecendo apenas alguns poucos, à custa da liberdade e da igualdade.
Colaboração para um futuro informado
A colaboração entre políticos, cientistas e comunicadores é vital para garantir que as mensagens cheguem ao público de maneira eficaz. Investir na comunicação pública do conhecimento não é apenas uma estratégia para combater a desinformação, mas também uma forma de fortalecer a democracia. Uma sociedade bem informada pode tomar decisões mais acertadas, participar ativamente dos debates públicos e exigir políticas baseadas em evidências.
Portanto, fazemos um chamado à ação: é hora de unir esforços e investir na comunicação pública da política e da ciência como uma solução para os desafios atuais. Só assim poderemos construir uma sociedade mais sábia, justa e resiliente, capaz de enfrentar as complexidades do mundo moderno com conhecimento e discernimento. Vamos frear o avanço sintomático da extrema direita não com polêmicas rasas, mas com argumentos embasados no maior bem da humanidade: o conhecimento.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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