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Ângelo Cavalcante

Economista, cientista político, doutorando na USP e professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG)

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Deu a louca no PSOL

Jean Wyllys é o PSOL no gueto do identitarismo mais crônico e perigoso que se possa aludir; é a política reinventada no arriscado "banho maria" da pós-modernidade. Para Wyllys a política possível é a do "aqui e agora". Não há América Latina; o debate do socialismo desaparece; a nova onda neo-golpista onde, por sinal, o Brasil é vítima frontal, também é "invencice"

Jean Wyllys (Foto: Ângelo Cavalcante)

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Jean Wyllys é o PSOL no gueto do identitarismo mais crônico e perigoso que se possa aludir; é a política reinventada no arriscado "banho maria" da pós-modernidade. Para Wyllys a política possível é a do "aqui e agora". Não há América Latina; o debate do socialismo desaparece; a nova onda neo-golpista onde, por sinal, o Brasil é vítima frontal, também é "invencice"; imperialismo é conversa rudimentar do ainda comunismo soviético e o Oriente Médio, açambarcado e chafurdado pela inteligência geopolítica norte-americana e é claro, pelo enorme armarinho de artefatos de guerra, da mesma forma, não entra em questão.

E vai mais longe! Não há a questão palestina, afinal, Israel é a única democracia da região e segundo o mesmo, convive muito bem com sua comunidade LGBT e isso basta! Palestina? Ora... Joga pra geral: bobagem da esquerda ressentida!

O "social-freedom" se esqueceu (?) de uma das bandeiras mais caras às esquerdas mundiais: o internacionalismo! Não é e jamais foi detalhe! Ao contrário, é um dos fundamentos essenciais da própria esquerda mundial; mais até, é o constructo teórico que fomenta, provoca e estimula o encontro, a unidade e a integração entre progressistas e libertários do mundo. Que joga por terra o chauvinismo de determinados nacionalismos e que, ao fim, só serve ao atavismo de classe de certas burguesias nacionais.

Wyllys é vanguarda do começo ao fim e quer mesmo reinventar a esquerda! Lembrar um pouco de Marx ajuda! É que o bom alemão tão bem nos ensina no encerramento do opúsculo universal do Manifesto do Partido Comunista quando lança sonoro: "Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos!". Ao invés disso, Jean Willis se acocora para render homenagens ao beligerante estado de Israel e sua geopolítica de ferro e fogo, sobretudo, sobre homens e mulheres árabes do trabalho da imediata circunvizinhança! Que o digam os palestinos!

Não satisfeito lançou-se feroz contra o governo venezuelano de Nicolás Maduro, aliás, legítimo, integralmente constitucional e; que desde 1999, sob a liderança de Hugo Chávez Frias, enfrenta a maior guerra política e econômica de toda a América Latina só comparável com os bloqueios criminosos e internacionais perpetrados contra o governo cubano.

Prudência nunca fez mal a ninguém e, de verdade, não é só expressar opinião mas saber do espaço/tempo desta opinião; do seu lugar, de sua oportunidade e de sua ocasião. De certo o psolista se esqueceu de onde está; com quem está e o contexto em que, não por acaso, está.

A Venezuela não tem mais uma direita, são talebãs caribenhos; o velho binário esquerda/direita cabe para contextos político-eleitorais democráticos; onde os respectivos espectros reconhecem o Estado como mediador de conflitos e litígios; quando as disputas e seus condutores se submetem ao império da lei, da norma e do código. A direita venezuelana abriu mão integralmente dessa perspectiva.

E sem qualquer cerimônia sai ateando fogo em pessoas alinhadas ao chavismo; lança bombas sobre universidades e prédios públicos; intimida e ameaça escritores, professores e intelectuais de esquerda; sabota referendos e consultas públicas e, sempre sincera, debaixo de câmeras e holofotes, explode ruas na passagem de grupos policiais.

Esse é o grupo com o qual Jean Willis se ajunta! O deputado desta feita, se globaliza pela segunda vez! A primeira é por sua indefectível causa gay e a segunda é que, incrível, se alinha, se emparelha, queira isso ou não, com o pior da direita global tendo ao seu ladinho, tipos como Donald Trump, Henrique Capriles Radonski, Maria Corina Machado, Eduardo Leopoldo López; para a província brasileira lhe é companhia Michel Temer, Aloysio Nunes, Jair Bolsonaro, Marco Feliciano, Silas Malafaia "et caterva". Se quiser já pode até tirar foto!

E não é que até o Freixo, sempre sedento por "democracia" se posiciona em prol das sempre "civilizadas" potencias ocidentais contra a "ditadura bolivariana" e que, por sinal, acaba de entregar os rumos da Venezuela não para a "FIESP" deles, para Wall Street ou para economistas neoliberais do FMI ou do Banco Mundial mas para a sua população de negros, indígenas, suburbanos e que, neste exato momento, está definindo uma das mais populares, sociais e democráticas constituições do mundo.

Sinceramente... Sou mais Chico Alencar que ficou só no beija-mão de Aécio Neves! De qualquer maneira, o golpe brasileiro de 2016 realmente e sem sombra de dúvidas, já é o maior invento político-ideológico da história política brasileira. Vá ser profundo assim lá longe... Valha-me Deus!

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