Deuses e guerras
Confundir obras e nem ler o que a programação dos Jogos disse sobre a abertura em Paris são símbolos da baixa profissionalização a que o jornalismo chegou
A situação no Oriente Médio volta ao cenário dos anos 1980, em que, motivados pelo petróleo e pela ascensão econômica de Israel, a região era sinônimo de conflito bélico. Com o verniz da questão religiosa, grupos se matam com o argumento da necessidade do espaço vital ditada por Maomé, Jeová, Jesus ou sei lá mais quem. Em Paris, pelo menos, puseram todos os deuses em uma festa. Não deixou de gerar descontentamento, mas este foi por ignorância histórica e artística. Será que Marte e Ares, os equivalentes deuses da guerra, também entrariam em conflito caso ocupassem a mesma região?
E ainda não entendo como continuam a confundir a Santa Ceia com a Festa dos Deuses na cerimônia de abertura das Olimpíadas em Paris. Um pouquinho de conhecimento histórico e artístico revelaria o nível do preconceito e autovitimização dos detratores da diversidade. Parece que quando mexem – ou supostamente o fazem – com um dos deuses, todos outros e as demais crenças nada valem.
Assim, não há mais pesquisa antes de fazer uma matéria. Confundir obras de arte e nem ler o que a programação dos Jogos disse sobre a apresentação cultural da abertura em Paris são símbolos da baixa profissionalização a que o jornalismo chegou. Juntemos a isso, a incapacidade de entender conflitos bélicos para além de disputas religiosas. Infelizmente!
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: