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    Ribamar Fonseca

    Jornalista e escritor

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    Dia 7 pode ser o dia D para os rumos do país

    "Depois das últimas postagens de Bolsonaro parece não haver dúvidas sobre suas intenções ditatoriais, mesmo apresentando-se, cinicamente, como defensor da democracia e do estado democrático de direito", escreve o jornalista Ribamar Fonseca

    Jair Bolsonaro acompanha desfile de tanques em Brasília (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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    Por Ribamar Fonseca 

    O presidente Bolsonaro e seus  seguidores estão conduzindo o Brasil para um ponto muito perigoso, onde é grande o risco de descontrole da situação com a possibilidade até de derramamento de sangue.  Através das redes sociais, seu espaço de contato com os seguidores, Bolsonaro está convocando todo mundo para uma grande manifestação no próximo dia 7 de setembro, mesmo dia em que se comemora a independência do país com desfiles militares em todo o território nacional, o que pode tumultuar  as comemorações e provocar conflitos de consequências imprevisíveis. Afinal, o que o capitão pretende com isso? Provocar as Forças Armadas para uma tomada de posição em relação a seus objetivos golpistas, que ele chama de contra-golpe? Depois das suas  últimas postagens parece não haver dúvidas sobre suas intenções ditatoriais, mesmo apresentando-se, cinicamente,  como defensor da democracia e do estado democrático de direito.  

    O fato é que nuvens negras estão se acumulando no horizonte, pois pseudos líderes bolsonaristas, como o cantor Sergio Reis e o pastor Silas Malafaia, também estão convocando, respectivamente, caminhoneiros e evangélicos para uma grande manifestação dia 7 de setembro em Brasília. A convocação dos dois, ao que parece, vai perder-se no vazio, porque o cantor, segundo líderes dos caminhoneiros, não os representa, e lideranças evangélicas já dizem que não são gado e muito menos massa de manobra política para serem tangenciadas por pastores mais preocupados com os seus próprios interesses. Mesmo assim, é provável que apareçam alguns tolos fanáticos que imaginam estar defendendo a pátria contra o comunismo, como um sujeito que se fantasiou de militar, pintou a cara com tinta de camuflagem e foi para as redes sociais ameaçar o STF e Lula e dizer que haverá uma “guerra civil”. Bolsonaro, pelo visto, conseguiu enlouquecer parte da população com suas postagens de ódio e  incitamento à violência.

    Enquanto o bolsonarista Eustáquio, o mesmo que lançou rojões contra o prédio do Supremo Tribunal Federal, coloca nas redes sociais uma foto empunhando uma arma e fazendo  ameaças ao presidente do Senado, cercado da velha conhecida Sara Winter que andou desaparecida depois de presa, outros enlouquecidos seguidores de Bolsonaro afirmam que no dia 7 de setembro vão invadir a embaixada da China em Brasilia e expulsar o embaixador. Obviamente são bravatas inconsequentes, mas percebe-se sem muita dificuldade que depois do capitão todo mundo se sente no direito de insultar autoridades  e fazer ameaças, o que levou a Policia Federal a pedir a prisão do ex-deputado Roberto Jefferson, decretada pelo ministro Alexandre de Moraes. Além do ex-parlamentar, todos os que fazem ameaças, sobretudo empunhando armas, deveriam ser encarcerados, pois se constituem um perigo para a sociedade civil.

    Na verdade, as redes sociais se transformaram no maior condutor de ódio do país, envenenando muita gente que deixou de usar o cérebro para pensar e  passou a enxergar a situação nacional de forma totalmente distorcida. Embora Bolsonaro seja o Presidente da República e responsável por todas as decisões sobre o funcionamento da Nação e a vida do seu povo,  esse pessoal acredita que os culpados pelo aumento do desemprego, da inflação, do custo de vida, da conta de luz, do número de mortos na pandemia, da fome, etc, são o STF e a China. Perderam o juízo? Bolsonaro, com sua eficiente indústria de fakes que alimenta todo santo dia as redes sociais com as mais absurdas mentiras, conseguiu fazer uma lavagem cerebral nas pessoas de juízo mais fraco, as quais estão certas de que é precisamente ele quem  luta pela democracia, que respeita a Constituição e defende a nossa soberania. Estão completamente cegos, pois é justamente o capitão que quer rasgar a Carta Magna e tornar-se ditador, só não concluindo ainda o seu projeto porque não tem a unanimidade dos militares.

    Existe, porém, uma parcela de militares da ativa e da reserva que apoia o capitão, como é fácil perceber pelo discurso do comandante do Exército, num evento da Aman, chamando-o de “general”. E o “general” Bolsonaro aproveitou a oportunidade, como sempre faz em todos os eventos militares a que comparece, para incutir na cabeça dos homens de uniforme, sobretudo dos jovens oficiais recém´-formados, de que  são eles os verdadeiros tutores do país. Como é fácil perceber, o antigo capitão  há tempos vem cultivando as simpatias dos quartéis para conquistar o apoio da tropa aos seus delírios de ditador. Provavelmente não conseguirá materializar o seu sonho de conquistador, mas certamente vai tumultuar a vida do país com suas mentiras disparadas por robôs nas redes sociais. Ele está seguindo fielmente a cartilha elaborada pelo extremista norte-americano Steve Bannon, que descobriu o poder do WhatsApp e, com a disseminação de mentiras, conseguiu eleger Donald Trump e o próprio Bolsonaro.  

    De qualquer modo é prudente não subestimar a capacidade do capitão de envolver os desmiolados que, fanatizados e odientos, brigam até com a família e amigos por causa do Presidente. E enquanto não chega o dia 7 de setembro, data da hecatombe prevista pelos bolsonaristas, a tensão entre os poderes já fez pelo menos duas vítimas:  André Mendonça, indicado por Bolsonaro para a cadeira antes ocupada por Marco Aurélio Mello no Supremo, e Augusto Aras, Procurador Geral da República. O primeiro está com sua indicação em banho-maria no Senado, correndo o risco de não ser aprovado por suas posições em favor da Lei de Segurança Nacional; e o segundo também poderá não ter sua recondução ao cargo homologada pelos senadores, pelo não cumprimento da sua função no que se relaciona à fiscalização dos atos do Presidente. A subserviência dos dois ao capitão é vergonhosa. Se até o dia 7 não ocorrer nenhum fato inesperado que possa mudar o rumo dos acontecimentos desenhados pelos radicais bolsonaristas, poderemos assistir ao tão sonhado golpe do capitão. Ou sua queda, pondo fim ao terrorismo que ele instalou nas redes sociais.   

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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