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      Oliveiros Marques

      Sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas

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      É a política

      "Está se criando um consenso de que governar se resume a um espetáculo das redes sociais, mas o problema atual é a falta de política", escreve Oliveiros Marques

      Lula (à esq.) e Sidônio Palmeira (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

      Não há mágica. O fortalecimento da imagem de um governo tem muito mais a ver com a política do que com a comunicação. É isso que têm mostrado as pesquisas divulgadas recentemente — e que o DataFolha de hoje vem apenas corroborar. Nos convençamos disso de uma vez por todas, ou será cristalizada a imagem de que fazer brincadeirinhas no TikTok garante uma reeleição.

      Talvez até por isso o ministro Sidônio Palmeira, muito inteligentemente, tenha chamado atenção nesta semana para a responsabilidade dos ministros em relação ao processo de melhora na percepção do governo por parte da população.

      É claro que é muito mais fácil — e cômodo — para analistas rasos olharem para um governo que não está bem avaliado e dizerem que o problema é de comunicação. Ou da comunicação, como a maioria prefere em sua sanha por encontrar um culpado. Até porque está se criando esse consenso passivo de que governar se resume a um espetáculo quase bufão veiculado pelas redes sociais.

      Tenho reiterado neste espaço essa observação. Porque esta é a realidade. Claro que a comunicação é importante, que deve envolver as pessoas, ou — para usar um chavão — conquistar corações e mentes. Contudo, se não houver produtos que se conectem com a vida real das pessoas, esquece: não há comunicação que resolva. E esses produtos, quando falamos de governos, são políticos.

      Falando do caso específico do governo Lula, sou daqueles que acreditam que sua marca é ser um governo dedicado àqueles que mais precisam de políticas públicas. E aqui, os conteúdos que dão consistência a essa marca são inúmeros: desemprego em baixa, remédios gratuitos pelo Farmácia Popular, Pé de Meia, retomada do Minha Casa Minha Vida, isenção de imposto de renda para até cinco salários-mínimos — para ficar em alguns exemplos.

      Mas como, mesmo com tantos exemplos, o governo perde em sua avaliação positiva até entre os eleitores mais fiéis, a partir de uma alta nos preços dos alimentos que pode ser considerada sazonal?

      Porque falta política. Falta aos atores que representam o governo fazer a disputa lá na ponta. Falta a ativação de lideranças para fazer o embate no chão de nossas vidas. Falta levar, para onde a vida das pessoas realmente acontece, o que representa de fato o projeto do governo a médio e longo prazos. E aqui volto à observação de Sidônio: que tal os ministros montarem agendas nos estados — não para participarem apenas de eventos-espetáculo de entregas — mas para articularem as lideranças locais e estimulá-las a irem para as ruas e para as redes defenderem o governo? Apenas uma ideia.

      Oliveiros Marques é sociólogo, publicitário e comunicador político.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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