Economia do governo não sabe lidar com a inflação
Com a inflação em alta todo esse tempo, a demora na recuperação da economia será maior
Depois de três longos anos de governo, a equipe econômica de Paulo Guedes mostra que ainda não sabe (ou não quer) lidar com a alta da inflação. Por outro lado, a população segue perdendo poder de compra, vendo seu salário ser desvalorizado a cada mês.
Os aumentos da gasolina e a crise energética são os principais fatores que impedem que a inflação dê uma trégua para o consumidor. Na verdade, o cenário para o futuro próximo não tem nada de animador. Com o dólar alto, não há nenhuma ação para controle cambial, e as trapalhadas do governo contribuem negativamente para as oscilações da moeda americana.
Com a inflação em alta todo esse tempo, a demora na recuperação da economia será maior. No último mês, o IPCA, índice oficial de inflação, subiu 1,25%, acima das projeções do mercado. A taxa é a maior registrada para outubro desde 2002, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O que levou a uma inflação acumulada em 12 meses acima de dois dígitos, ao patamar de 10,67%. Uma somatória que só tínhamos sentido em janeiro de 2016, quando o acumulado alcançava 10,71%, com a economia do país em recessão.
Conforme os dados do IBGE, o setor que mais contribuiu para essa alta da inflação nos mês foi o de transportes, com alta de 2,62%.
Quanto à política de preços dos combustíveis é pior. O brasileiro está ganhando em real e pagando em dólar. O que tem gerado sucessivas altas e puxando os preços de outros produtos e serviços, que dependem direta ou indiretamente do preço da gasolina, do diesel, e de outros derivados do petróleo.
Enquanto isso, Bolsonaro prefere achar “culpados” para transferir a responsabilidade pelo desastre da sua equipe econômica. Seu alvo preferido são governadores e prefeitos que não rezam pela sua cartilha. Quando não joga o problema para a existência do ICMS, ele diz que a defesa da vida durante a pandemia também tem sua parcela de culpa no aumento dos preços no Brasil.
O presidente esquece que os lucros dos acionistas da Petrobras chegaram a R$ 31,1 bilhões no terceiro trimestre de 2021 e vai dobrar o valor dos dividendos, que chegarão a R$ 63,4 bilhões no ano.
As vendas no varejo brasileiro sentem um dos efeitos de todo esse período de inflação. E registraram queda de 1,3% em setembro na comparação com o mês anterior e de 5,5% em relação ao mesmo período do ano passado.
Ainda veremos muito desse quadro econômico em 2022. As polêmicas e pautas desnecessárias que o Executivo envia ao Congresso, as declarações atrapalhadas, as incertezas no governo não ajudam em nada. E deixaram consequências péssimas, principalmente, para os mais pobres.
Veremos os aumentos no transporte público, na energia elétrica e na cesta básica levando quase a totalidade do salário mínimo. Isso sem citar o aluguel.
E está claro, o governo e a equipe econômica de Paulo Guedes não sabem como agir para tirar o Brasil da crise em que eles mesmos colocaram.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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