Eduardo Sanovicz (1960-2023)
"Faleceu nessa manhã um grande amigo e camarada, um irmão de sonhos e lutas, Eduardo Sanovicz", diz o jornalista Breno Altman
Faleceu nesse manhã um grande amigo e camarada, um irmão de sonhos e lutas, Eduardo Sanovicz. Há muitos meses estava doente, câncer de pâncreas, uma enfermidade cruel e feroz, que enfrentou com tremenda coragem e lucidez..
Simplesmente não me lembro quando conheci o Edu. Em algum momento da infância, certamente. Nossos pais eram amigos e companheiros de militância no PCB. Fui colega de escola de seu irmão Marcelo e também tinha contato com o caçula, Roberto. Os três eram torcedores fanáticos do Santos, como eu.
Passamos a ter contato mais próximo na juventude, durante a resistência ao regime dos generais, no início dos anos 80. Ele era um dos principais dirigentes do Centro dos Estudantes de Santos, em uma época de grandes mobilizações.
Do reencontro me lembro. Fui chamado para uma reunião na sede informal do Comitê Estadual do PCB em São Paulo, que ficava na avenida Rebouças. Provavelmente nos preparativos da greve geral ocorrida em julho de 1983.
Estávamos mergulhados, além do combate à ditadura, na acalorada luta interna do partido. O dirigente responsável pelo encontro era Ubiratan de Paula Santos, o Bira, então secretário de organização do PCB paulista. Quando pensava estar nos apresentando, mutuamente nos reconhecemos e foi uma alegria.
Edu sempre foi um exemplo do cara bacana. Afável, gentil, solidário. Sempre interessado nos problemas dos demais e em buscar caminho para ajudá-los. Tinha o dom de saber ouvir e liderar por convencimento. Sempre com serenidade e sem afobação.
Militante dedicado, a tempo pleno, também se tornou um grande profissional em sua área, o turismo, tanto no setor privado quando na área pública. Foi presidente da Embratur nos primeiros governos Lula, depois de destacada atuação nos governos petistas de São Paulo e Santos. Nos últimos dez anos, ajudou a fundar e presidiu a ABEAR (Associação Brasileira das Empresas Aéreas).
A última vez que nos vimos tem uns quinze dias, em uma reunião partidária. Ele já estava fraco, abatido. Sentei-me ao seu lado, escutando uma exposição de outro companheiro, Rui Falcão. Perguntei como ele estava. Segurou minha mão e respondeu: “levando a vida, enfrentando a doença, como tem que ser, mas tranquilo.”
Voltara a pouco de uma viagem a Cuba, sua primeira vez na ilha, e outras paragens. Lembro dele entusiasmando com em planejar essa visita. Almoçou em casa, me pediu dicas e contatos. Lá pelas tantas me disse, emocionado, que não queria partir sem antes conhecer a terra de Fidel e Martí.
Que linda e dura é a vida. Temos a chance de conhecer gente íntegra e valente como o Edu, partilhar destinos e trincheiras, mas também temos que suportar, firmes e erguidos, como deve ser, quando combatentes dessa cepa chegam ao seu derradeiro momento.
Camarada e irmão Eduardo Sanovicz, presente! Hoje e sempre!
O velório será realizado a partir das 14 horas desse sábado, 2 de setembro, no Memorial Necrópole Ecumênica, na avenida Doutor Nilo Peçanha 50, no Marapé, em Santos. A cerimônia de cremação ocorrerá às 18h.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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