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    Marcia Carmo

    Jornalista e correspondente do Brasil 247 na Argentina. Mestra em Estudos Latino-Americanos (Unsam, de Buenos Aires), autora do livro ‘América do Sul’ (editora DBA).

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    Efeitos do deslumbramento de Milei por Trump

    Para Trump, Milei é seu “presidente favorito” e está realizando um governo “admirável”. Governo argentino votou contra mulheres e indígenas na ONU

    Conferência Política de Ação Conservadora (CPAC) (Foto: @OPRArgentina/X)

    Na noite de quinta-feira, o presidente argentino Javier Milei voltou a demonstrar seu deslumbramento por Donald Trump. Milei fez questão de participar da Conferência Política de Ação Conservadora (CPAC), encontro de conservadores promovido por Trump em sua mansão de Mar-a-Lago, em Palm Beach, na Flórida. Na festa de abertura, os dois se abraçaram e, sorridentes, trocaram elogios.

    Para Trump, Milei é seu “presidente favorito” e está realizando um governo “admirável”. Nesta sexta-feira, após sua palestra, Milei dançou ao som de YMCA, do Village People, que foi o ‘hino’ da campanha trumpista. E disse: “É uma alegria saber que nos Estados Unidos o senso comum e a razão primaram sobre o delírio comunista”. O argentino tem afinidade ideológica com Trump e considera o empresário Elon Musk, da rede X e outras empresas, aliado do presidente eleito, um “amigo”. 

    A expectativa de Milei é que Trump ajude a Argentina a conseguir um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), no ano que vem. O valor do novo empréstimo poderia rondar US$ 18 bilhões, de acordo com economistas. Os Estados Unidos têm voto decisivo no diretório do organismo internacional. A posse de Trump será em janeiro. 

    Enquanto isso, Milei intensifica suas medidas ‘libertárias’, em sintonia com o que acredita que seu ídolo fará depois que assumir a Casa Branca. Nesta semana, o presidente argentino determinou que a delegação do país na conferência sobre mudanças climáticas COP-29, no Azerbaijão, abandonasse o encontro. A delegação de apenas quatro técnicos o obedeceu. 

    Foi a primeira vez que a Argentina deixou uma conferência de meio ambiente. Trump também abandonou o Acordo de Paris quando foi presidente pela primeira vez. Os dois presidentes negam o aquecimento global e as pautas sobre proteção do meio ambiente. O governo Milei rejeitou ainda, nesta semana, uma resolução das Nações Unidas relativa a uma proposta da Bolívia e do Equador para proteger as comunidades indígenas e o meio ambiente. Foi uma semana de ratificação dos pensamentos de Milei. 

    Na ONU, a Argentina foi também o único país a votar contra o combate à violência contra as mulheres. Assim que tomou posse, Milei eliminou o Ministério do Meio Ambiente e pouco depois o das Mulheres. 

    Para completar, pouco antes de embarcar para o encontro com Trump, Milei disse a uma emissora de rádio de Buenos Aires que pretende que a Argentina assine acordo de livre comércio com os Estados Unidos – o que vai contra os pilares do Mercosul, do qual a Argentina é, junto com o Brasil, um dos países fundadores. Vai ser importantíssimo (para o Brasil, o Mercosul e o planeta) acompanhar atentamente os passos e efeitos da dupla Milei-Trump.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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