Ele é réu, e agora?
'Se adotar postura de enfrentamento ao STF, Jair Bolsonaro vai cair atirando', destaca o colunista Oliveiros Marques
E agora, ele perdeu completamente a bússola — se é que um dia a teve. A fala do ex-presidente, agora réu em um processo criminal no Supremo Tribunal Federal por, entre outros crimes, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, após o anúncio do recebimento da denúncia, é a síntese da catástrofe que deve ser sua estratégia durante o julgamento.
Como de costume, Bolsonaro e seus seguidores mais fanáticos parecem viver em um mundo paralelo, onde ele ainda é adorado por todos, para além do cercadinho. O discurso contra o STF e seus ministros, usando a velha tática de que a melhor defesa é o ataque, só está cavando, cada vez mais fundo, a cova que, em breve, lhe servirá de repouso.
Não sei quem o faz acreditar que sua popularidade ainda é a mesma do início do seu governo. Naquele momento, de fato, ele gozava de aprovação elevada, galvanizada pelo antipetismo e pelo discurso anti-sistema que, aos olhos da maioria da população, encarnava. Mas os tempos são outros. Contudo, para alguém que acreditava na eficácia da hidroxicloroquina, nada mais surpreende.
Já falei em outras oportunidades sobre o que as pesquisas dizem a respeito da capacidade aglutinativa de Bolsonaro e de seus discursos. O fracasso da última manifestação em Copacabana ilustra muito bem isso. O que antes fora um movimento de massas — e é impossível negar que, em determinado momento, o foi — hoje se reduz a um séquito de malucos e oportunistas movidos por interesses próprios, principalmente a manutenção de seus mandatos e suas próprias reeleições.
O único argumento que justificaria sua postura de enfrentamento seria a estratégia de cair atirando, para usar sua tão bélica linguagem. Ele sabe que será condenado. A dúvida não é se, mas por quantos anos de prisão irá responder. Portanto, já que a derrota é inevitável — e deve vir de goleada —, ele talvez pense: vou tentar fazer o gol de honra.
Ao final dessa jornada do vilão, veremos Bolsonaro solitário — não necessariamente em uma solitária, acredito — pagando pelos crimes que cometeu e também pelos que exaltou e incentivou. Sorte dele que não cairá em uma prisão comandada por um Major Tibiriçá, a lhe dar choques, pendurá-lo em um pau de arara, afogá-lo, sentá-lo na cadeira do dragão, conectá-lo à “pimentinha”, jogá-lo na geladeira — ou seja, a submeter-se aos métodos de tortura que ele sempre fez questão de aplaudir.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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