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Pepe Escobar

Pepe Escobar é jornalista e correspondente de várias publicações internacionais

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Eles mentem. Eles trapaceiam. Eles roubam. Eles bombardeiam. E inventam narrativas falsas

Os psicopatas talmúdicos estão obcecados não apenas em cuspir fogo contra o Eixo da Resistência, mas agora, também, em atacar os interesses nacionais da Rússia

Um foguete é visto em meio a hostilidades transfronteiriças entre o Hezbollah e Israel, visto de Tel Aviv, Israel, 1º de outubro de 2024 (Foto: REUTERS/Ammar Awad)

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Seria possível afirmar que a Noite da Retaliação Balística conduzida pelo Irã, uma resposta comedida às provocações em série perpetradas por Israel, tem menos peso, em termos da eficácia do Eixo de Resistência, que a decapitação da liderança do Hezbollah.

Mesmo assim, a mensagem bastou para deixar enlouquecidos os psicopatas talmúdicos. Apesar de todas as suas negações histéricas e sua saraivada de versões mentirosas, O Domo de Papel Higiênico e o sistema Arrow  foram, de fato, inúteis. 

A Guarda Revolucionária Iraniana comunicou que a chuva de mísseis foi inaugurada por um único Fatteh 2 hipersônico, que burlou o sistema de radar de defesa aérea Arrow 3 – capaz de interceptar mísseis na atmosfera. 

E fontes militares iranianas bem-informadas afirmaram que hackers lançaram um ciberataque pesado para desorganizar o sistema Iron Dome logo antes do início da operação.

A Guarda Revolucionária Iraniana, por fim, confirmou que apenas cerca de 90% dos alvos foram atingidos, implicando que cada alvo deveria ser visitado por diversos mísseis, alguns deles sendo interceptados.  

Quantos F-35s e F-15s nas duas bases aéreas acabaram sendo destruídos ou danificados ainda é uma questão aberta à especulação. Uma dessas bases, Nevatim, no Negev, se tornou literalmente inoperável. 

A entente militar Irã-Rússia  – parte de sua parceria estratégica ampla a ser assinada em breve  – estava em funcionamento. A Guarda Revolucionária Iraniana usou o jammer eletromagnético recentemente fornecido pela Rússia para cegar os sistemas GPS de Israel/OTAN – inclusive os dos aviões dos Estados Unidos. O que explica o fato de o Iron Dome ser atingido a longa distância no vazio dos céus noturnos.

Pintando a retaliação do Irã como casus belli

Nada disso alterou substancialmente a equação dissuasiva. Israel continua a bombardear o sul do Líbano. O padrão permanece o mesmo: sempre que atacados, os genocidas urram de dor ou se lamuriam como um bebê chorão, embora sua máquina assassina  continue a funcionar – tendo civis desarmados como alvos preferenciais. 

O bombardeio não para nunca – e nem irá parar, da Palestina ao Líbano e à Síria, por todo o Oeste Asiático, e levando à “resposta” da Noite Balística do Irã. 

O Irã está em uma posição geopolítica e militar extremamente dura – para não falar da situação geoeconômica, ainda submetida a um tsunami de sanções. É óbvio que as lideranças de Teerã têm plena consciência da cilada sendo montada pelo combo talmúdico-americano-sionista – que quer  atrair o Irã para uma guerra de grandes proporções.  

Jake Sullivan, um dos integrantes mais fervorosos do combo que de fato dita a política dos Estados Unidos (em nome de seus patrocinadores), levando em conta a condição patética do zumbi da Casa Branca, deixou tudo bem claro:  

“Deixamos claro que haverá consequências – graves consequências – para esse ataque, e trabalharemos conjuntamente com Israel para garantir que isso aconteça”. 

Tradução: A Noite da Retaliação está sendo pintada como um casus belli. Os Estados Unidos e Israel  já estão culpando o Irã pela Mega-Guerra que possivelmente ocorrerá no Oeste Asiático. 

Essa guerra é o Santo dos Santos desde, pelo menos, os tempos do regime Cheney – duas décadas atrás. Entretanto Teerã, se assim o decidir, já tem todo o necessário para transformar Israel em terra arrasada. Eles não o farão porque o preço a ser pago seria  insuportável.

Mesmo que os psicopatas talmúdicos e os sio-cons, afinal, consigam realizar seu desejo, possibilidade essa muito remota, esta guerra atual, após uma campanha de bombardeios devastadores, só poderá ser ganha com o apoio maciço de tropas americanas no terreno. Seja qual for a narrativa que rola no pântano da mídia da Terra dos Thinktanks controlada pelos sio-cons, isso não vai acontecer.

Mesmo assim, a Marcha da Loucura prossegue ininterrupta: o Projeto Sionista, o abraço da morte Estados Unidos/Israel contra o Irã. Mas com um diferencial poderoso: o apoio da Rússia e, um pouco mais distante, da China. Esses três países são a tríade máxima dos BRICS. Eles são a vanguarda da tentativa de construir um mundo novo, justo e multinodal. E não é por acidente que eles são as principais “ameaças” existenciais ao Império do Caos, das Mentiras e da Pilhagem.

Agora que o Projeto Ucrânia escorre pelo ralo da História e enterra de uma vez por todas a “ordem mundial baseada em regras” no solo negro da Novorossiya, a verdadeira grande frente da  Guerra Única, a nova encarnação das Guerras Eternas, é o Irã. 

Paralelamente, Moscou e Pequim têm plena consciência de que quanto mais o Excepcionalistão se atolar no Oeste Asiático, mais espaço de manobra eles terão para acelerar o esgotamento do cambaleante Leviatã. 

Gaza-sobre-o-Litani

O Hezbollah tem pela frente um tempo de graves dificuldades. Os recursos – especialmente o fornecimento de armas e material militar através da Síria e por via aérea do Irã para o Líbano – tornar-se-ão cada vez mais escassos. Compare-se a isso a ilimitada cadeia de fornecimento que abastece Israel vinda do Excepcionalistão – para não falar das toneladas de dinheiro vivo.

De precário os serviços de inteligência de Israel não têm nada  – basta ver como seus comandos penetraram fundo, clandestinamente, em território dominado pelo Hezbollah, coletando informações sobre a rede de fortificações. Quando – na verdade, se – eles chegarem em áreas povoadas do Sul do Líbano, então haverá loucos bombardeios somados a artilharia pesada contra áreas residenciais.  

Essa operação poderia ser chamada de Gaza-sobre-o-Litani, o rio que corta o Sul do Líbano. Ela só ocorrerá se a complexa rede do Hezbollah naquela região for desmantelada – um grande “se”.  

Jeffrey Sachs, com todas as suas boas intenções, foi o mais longe que pôde na caracterização dos israelenses como terroristas extremistas defensores da supremacia judaica.  Hoje, praticamente toda a Maioria Global tem consciência desse fato.

O próximo passo no planejamento sio-con-talmúdico talvez inclua uma terrível falsa bandeira, possivelmente após a eleição presidencial dos Estados Unidos. Um exemplo seria o ataque a um navio da OTAN ou a tropas dos Estados Unidos no Golfo Pérsico, para atrelar o novo governo à longamente planejada guerra contra o Irã.  Dick Cheney terá um orgasmo – e baterá as botas.

Faltam apenas três semanas para a cúpula dos BRICS em Kazan sob a presidência russa. Em um nítido contraste com as guerras genocidas em série no Oeste Asiático,  Putin e Xi  estarão postados à porta – aberta – em nome dos BRICS+, dando as boas-vindas às dezenas de nações que fogem do Ocidente Coletivo como se foge da peste. 

A Rússia, agora, dá o seu total apoio ao Irã – e tanto quanto na estrebuchante Ucrânia, isso significa que a Rússia está em guerra contra os Estados Unidos/Israel. Afinal das contas, o Pentágono está, diretamente, abatendo mísseis iranianos, enquanto Israel é de fato o principal estado dos Estados Unidos, sendo totalmente financiado com os impostos pagos pelos contribuintes estadunidenses.    

Fica mais complicado a cada minuto. Imediatamente após uma importantíssima reunião  entre Alexander Lavrentiev, o enviado especial de Putin à Síria,  e Ali Akbar Ahmadian, secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, Tel Aviv entrou em modo Surto Grave  – o que mais esperar deles? – e atingiu almoxarifados das forças russas na Síria. 

Houve uma resposta conjunta de defesa aérea da Rússia e Síria. O que isso mostra é que os psicopatas talmúdicos estão obcecados não apenas em cuspir fogo contra o Eixo da Resistência, mas agora, também, em atacar os interesses nacionais da Rússia. A coisa pode ficar muito feia para eles em um piscar de olhos – o que é mais uma prova de que o nome  do novo (e mortífero)  jogo é Estados Unidos/Israel contra Rússia/Irã. 

Tradução de Patricia Zimbres

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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