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    Ruy Nogueira

    Publicitário, mineiro, 60 anos

    8 artigos

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    Em Curitiba há uma mulher traída

    Na capital da maldade, comentários impiedosos. O dinheiro que entrou fácil, a Bíblia na penteadeira, o amor eterno que ele jurou

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    Em Curitiba há uma mulher traída. Pior, ridicularizada. Quem conhece a incrível, fantástica, quase inacreditável história, já reserva-lhe olhares prenhes de malícia. Pelas costas, risinhos desumanos.  Na capital da maldade, comentários impiedosos. O dinheiro que entrou fácil, a Bíblia na penteadeira, o amor eterno que ele jurou.   

    E os meninos? E o lar que juntos construíram? E os apartamentos comprados à preço de banana? E as viagens, as apresentações, as palestras? E a fama, os aplausos? E os prêmios? Sim, os prêmios! A casa está cheia deles.   

    E a promessa de uma provável carreira política que poderia fazê-la até primeira-dama da República? “Vamos morar no Alvorada, meu amorzinho!”. Nada, nada. Tudo em vão. A implacável Lava Jato. Depois a terrível Vaza Jato. Agora, a desgraçada Vara Jato. Data vênia, a Vara... Por debaixo das vestes negras, data Vênus, o corpete, a cinta-liga e uma meia arrastão.   

    Oh, Senhor Deus, tu faltastes à fiel de Curitiba!?   

    Em Curitiba há uma mulher traída.   Reclamar a quem? À sogra ou ao Pastor? Fazer uma delação premiada? Sair louca correndo pelas ruas limpinhas do Bacacheri? Urrar suas verdades na Boca Maldita? Um striptease na Praça dos Três Poderes, bem em frente ao Supremo? Encenar um escândalo? Um supremo escândalo! Não seria nem rima, nem solução. De que adiantaria? O Jornal Nacional lhe daria o mesmo espaço? Nunca! Seria internada como louca. Louca, jamais!   

    Na frieza da cidade, das pessoas e do leito. Na frieza dele, o traíra pervertido! Ela já sabe: irá se matar! Deixará uma carta o responsabilizando e enviará a todos. A todos! Via Telegram. Enforcar-se-á na mais alta das Araucárias e seu corpo inerte será balançado pelo vento frio do triste crepúsculo curitibano e bicado pelas gralhas azuis que lhe comerão os olhos. Mas, e a corda, a escada e a coragem? Seria uma vingança e tanto!   

    Há uma mulher traída em Curitiba. Mulheres são traídas todos os dias em todos os lugares do mundo, de todas as maneiras, por todos os motivos...   

    Mas, logo ela?! Em nome da lei? Em nome do quê? Do iluminismo? Do punitivismo? De passar o Brasil a limpo? O que será isso? Preso, Lula está mais livre do que ela. A mulher de Curitiba, dilacerada, só sabe que foi traída. A mulher de Curitiba, em mil pedacinhos, só sabe que está acabada.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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