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    Paulo Moreira Leite

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    Ensaio de golpe contra Lula deve ser apurado até o fim

    'Apurar os fatos de 2022 é uma obrigação necessária e urgente. Nada pode ser escondido, nenhuma responsabilidade pode ser apagada', escreve Paulo Moreira Leite

    Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

    Investigação sobre golpe fracassado de Bolsonaro é uma necessidade histórica

    Um ano e oito meses depois da posse de Lula para o terceiro mandato no Planalto, comprova-se uma suspeita que acompanhou a campanha presidencial de 2000, os preparativos para a posse e até hoje acompanha o ex-presidente Jair Bolsonaro.

    Com base num depoimento consistente e detalhado, do próprio ministro do Exército do governo Bolsonaro, general Marco Antonio Freire Gomes, revela-se um fato gravíssimo.

    Por trás de preparativos rotineiros para 39a. posse presidencial em nossa história republicana, o próprio Jair Bolsonaro tentava organizar um golpe de Estado para impedir que Lula assumisse o terceiro mandato, informa a repórter Monica Gugliano.

    Publicada na página A7 da edição de hoje do Estado de S. Paulo, a reportagem "Exército abre inquérito para investigar coronéis que pressionaram por golpe" passa a limpo os boatos, rumores e desmentidos que acompanharam a transição Bolsonaro-Lula.

    Com informações inéditas, o texto permite compreender o ambiente de tumulto, falsa cortesia e imensa irresponsabilidade que produziu uma criminosa tentativa de golpe de Estado contra Lula, que terminou numa quartelada militar, grave e constrangedora ao mesmo tempo, mantida em segredo até há pouco.

    Um ponto importante para os dias de hoje diz respeito ao papel de Jair Bolsonaro, o ex-presidente que, conforme especulação frequente nos jornais, ameaça apresentar-se na campanha de 2026.

    O comportamento de Bolsonaro após a derrota sempre incomodara observadores políticos mais atentos.

    A novidade, agora, é que surgiram testemunhos definitivos. Ouvido pela Polícia Federal, num depoimento de oito horas, o general Marco Antonio Freire Gomes fez uma revelação detalhada, comprometedora e autorizada -- ele era o próprio Comandante do Exército, na época.

    O general contou que, já derrotado nas urnas, Bolsonaro animou-se a convocá-lo para uma conversa no próprio Palácio da Alvorada.

    Ali, se debatia hipóteses para promover ações militares para tumultuar a transição e tentar impedir posse de Lula por todos os meios. Conforme o general, chegou-se a defender "a utilização de institutos jurídicos como Garantia da Lei e da Ordem, estado de defesa e de sítio".

    Essa revelação cumpre um papel importante para a história recente do país. Elimina versões interesseiras que passaram a frequentar os círculos políticos, depois do golpe fracassado, numa tosca tentativa de embaralhar os fatos, e assim minimizar as responsabilidades de um presidente da República que abandonou seus deveres e obrigações com o país para participar de uma (mais uma!) tentativa de instalar uma ditadura no país.

    Após um depoimento dessa envergadura, cabe uma providência simples em qualquer democracia verdadeira: acusar, esclarecer e julgar.

    Num país onde estudiosos contabilizam nove golpes de Estado em 202 anos de vida independente, apurar os fatos de 2022 é uma obrigação obviamente necessária e urgente. Nada pode ser escondido, nenhuma responsabilidade pode ser apagada.

    Alguma dúvida?

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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