Equador S/A
O ricaço não entendeu que governar um país não é o mesmo que administrar empresas
A terrível queda política, social e econômica que agride o Equador começou quando o país perdeu a oportunidade de eleger à Presidência da República Andrés Arauz em 2021. Ele era candidato do Correísmo e poderia, tudo indicava, elevar o desenvolvimento econômico da classe trabalhadora, reverter medidas liberais do traidor Lenin Moreno e melhorar questões de integração latino-americana. Mas o contrário aconteceu. Guillermo Lasso, banqueiro insaciável, foi eleito. E, de acordo com sua concepção de política, à direita, tentou implementar medidas econômicas ainda mais liberais. Não funcionou. Pressões de todos os lados recaíram sobre as suas costas. Incapaz de resistir e com forte vontade de voltar a ter vida mansa e agradável, Lasso fez o que tinha de fazer: muerte cruzada. Ou seja, a dissolução do Congresso e, por óbvio, convocação de eleições gerais. Se Lasso não tivesse tomado tal medida poderia ser deposto e investigado por corrupção.
E assim aconteceu. Daniel Noboa, empresário e herdeiro de família burguesa equatoriana de vendedores de bananas, acabou eleito em novembro de 2023, para cumprir o restante de mandato de Guillermo Lasso até maio deste ano. As eleições devem ocorrer no próximo mês. Agora, vamos aos indicadores socioeconômicos.
Para começar, a taxa de homicídios subiu de seis por cada cem mil habitantes em 2018 para quarenta e sete em 2023. Trata-se de recorde. A sensação de insegurança é crescente no seio da população. O governo Noboa é pouco democrático, pois governa por decretos. Ele perdeu maioria (e relevância) no Congresso. Para completar a turbulência política, Verónica Abad, vice-presidente, está em pé de guerra contra Noboa. A desídia de Noboa ainda não acabou. O governo do magnata enfrenta com enorme dificuldade a violência promovida pelo narcotráfico. Há no Equador diversas organizações internacionais atuando. A forma política de tratamento que líderes de direita promovem é designar tais grupos como terroristas e, com Noboa, não foi diferente. Ele colocou as Forças Armadas nas ruas. Nesse momento parece que até as forças da natureza estão contra Noboa e o povo do Equador. O país vive a pior seca em cinquenta anos. Tal condição prejudica o funcionamento de usinas hidroelétricas que são responsáveis por praticamente 70% da demanda de energia. O resultado são apagões cada vez mais frequentes. Por conseguinte, o abastecimento de água potável nas casas e à produção agrícola do Equador estão abalados. Há estimativas que apontam prejuízos de 1,44 bilhão de dólares (cerca de 8,31 bilhões de reais ou 1% do PIB).
Noboa tem 37 anos de idade e sua vida é marcada por ser bom empresário, homem de negócios. Muito bem. Em seu período presidencial, Noboa demonstrou que seu destino é voltar ao ramo do empresariado e o Equador não deve ser tratado como negócio como a direita vem fazendo; deve, isso sim, voltar, a ser uma nação pacífica e próspera, talvez sob a liderança de Luísa González, da Revolução Cidadã.
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