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    Eric Nepomuceno

    Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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    Está bem, Gilmar Mendes. Então era isso...

    Ministro se pergunta, ao falar sobre a Lava Jato: como permitimos isso acontecer? O que fizemos de errado? "Ninguém melhor que o senhor para saber as respostas às suas perguntas", responde Eric Nepomuceno, do Jornalistas pela Democracia

    Gilmar Mendes, ministro do STF (Foto: Valter Lima)

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    Por Eric Nepomuceno, para o Jornalistas pela Democracia 

    Há pelo menos um ponto estarrecedor no que diz Gilmar Mendes, integrante da corte suprema do país, e que leio aqui, ao comentar o que sempre foi evidente mas agora ficou irremediavelmente comprovado: toda a farsa da Lava Jato.

    Incensados pelo oligopólio dos meios de comunicação, tanto o então juiz Sérgio Moro como seu cúmplice, o procurador Deltan Dallagnol, jamais passaram de manipuladores vulgares que se dedicaram a demonizar a política brasileira, atender interesses que no melhor dos casos eram apenas escusos (outros, claramente criminosos), atuar de maneira ilegal junto aos serviços de inteligência estrangeiros (com destaque para a CIA norte-americana), e mais: no tal combate à corrupção, o Brasil tornou-se o único país a punir, às vezes com sentença de morte, empresas, e não só empresários envolvidos em corrupção. E tudo isso, vale reiterar, diante da omissão dos digníssimos poltrões assentados nas instâncias superiores de Justiça. Agora, tudo isso foi desmascarado. E surge o ministro Gilmar Mendes dizendo que ficou “perturbado”.

    Além disso, diz querer entender “como permitimos isso acontecer”, e se pergunta o que “fizemos de errado para que institucionalmente produzíssemos isso, um setor que cria sua própria constituição e opera seguindo seus sentimentos de justiça”.

    Ora, ora: permitiram das mais diversas formas. Uma delas: desde 2018 o próprio Gilmar Mendes está segurando a ação que pode anular o processo em que Lula da Silva foi condenado por ser dono do que nunca foi, ou seja, o tal tríplex do Guarujá.

    Quanto ao que fizeram de errado, a lista é vasta e robusta, a começar pela anulação do ato da presidenta Dilma Rousseff nomeando Lula para ministro-chefe da Casa Civil do seu governo.

    Em outra das tantas manobras absolutamente ilegais que cometeu, o então juizeco provinciano gravou – sem permissão judicial – um diálogo entre Dilma e Lula. Ato contínuo, repassou a gravação para uma das maiores cúmplices não só do golpe mas de tudo que aconteceu depois no Brasil, Jair Messias inclusive: a rede Globo.

    Em qualquer país minimamente civilizado o juizeco em questão seria sumariamente expelido, processado e preso. Na época, imaginei um juiz de Milwaukee, no glorioso estado norte-americano de Wisconsin, grampeando uma conversa entre Barak Obama e Bill Clinton e passando, digamos, para o canal ultradireitista e manipulador Fox News.  

    Não apenas seria defenestrado como estaria cumprindo cadeia até hoje. Pois aqui no Brasil, nada de nada aconteceu com Sérgio Moro, a não ser virar ministro.

    A nomeação de Lula, a propósito, foi anulada por quem? Ora, pelo agora “perturbado” Gilmar Mendes.

    A vida ensina que deve-se corrigir erros cometidos e devolver as coisas que se danaram por causa desses erros ao seu leito correspondente.

    Ou seja, a mesma corte suprema de comportamento omisso e poltrão pode, agora, anular toda a bandalheira de Moro e Dallagnol e devolver a Lula o que ele sempre exigiu ter de volta, sem que jamais tivesse perdido: sua inocência diante das acusações falsas e manipuladas pela dupla criminosa.

    Há um detalhe, porém, cujo preço jamais poderá ser pago: foi graças à liberdade com que o facínora curitibano e seus asseclas agiram que tivemos primeiro um impostor corrupto como presidente, e agora um Genocida.

    E é isso, digníssimo ministro, o que deveria perturbá-lo e tirar seu sono. Como permitiram? Onde erraram? 

    Ninguém melhor que o senhor para saber as respostas. Essas duas e muitas, muitas outras também.  

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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