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    José Reinaldo Carvalho

    Jornalista, editor internacional do Brasil 247 e da página Resistência: http://www.resistencia.cc

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    EUA abrem frente de guerra no Oriente, enquanto China lança Iniciativa de Civilização Global

    O editor internacional do Brasil 247, José Reinaldo Carvalho, comenta sobre o AUKUS, novo pacto de guerra dos EUA, e as propostas de paz mundial da China

    As bandeiras da China, dos EUA e do Partido Comunista Chinês são exibidas em uma barraca no Mercado Atacadista de Yiwu, em Yiwu, província de Zhejiang, China, em 10 de maio de 2019. (Foto: Reprodução)

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    Por José Reinaldo Carvalho, 247 - A semana foi marcada por acalorados debates diplomáticos entre a China, os Estados Unidos, o Reino Unido e a Austrália em torno de uma sigla, AUKUS, até agora pouco conhecida mas que doravante se tornará um dos eixos das futuras crises militares internacionais envolvendo as potências ocidentais, a Ásia e a Oceania. O acrônimo reúne as iniciais dos três países em inglês (Au, UK e US).

    Os primeiros passos desse triângulo formado pela superpotência do Norte, o reino britânico e o país da Oceania indicam que o AUKUS cumprirá um papel de vilão geopolítico, tanto quanto é a Otan na atualidade. 

    A China não tem dúvidas e já disse que o AUKUS representará um perigo para a paz e a estabilidade regionais e a segurança internacional.

    Os três países, traçando linhas com base em uma visão política antichinesa, construíram um novo bloco militar que inevitavelmente aumentará as tensões geopolíticas, com possibilidade de militarização e aumento da corrida armamentista nuclear, a partir de um programa de construção e fornecimento à Austrália de submarinos a propulsão nuclear e o fornecimento de materiais nucleares. O acordo também inclui áreas como inteligência artificial, tecnologia quântica e cibersegurança.

    O reforço do militarismo no Oceano Pacífico vai tornar letra morta o Tratado da Zona Livre de Armas Nucleares do Pacífico Sul e prejudicará os esforços dos países da ASEAN (Associação dos Países do Sudeste Asiático) para construir uma Zona Livre de Armas Nucleares na região. Já é voz corrente entre os países da ASEAN que sobrevém com o AUKUS o perigo da corrida armamentista nuclear na área. 

    O AUKUS é um acordo militar assinado pelos EUA, Reino Unido e Austrália em setembro de 2021. O principal objetivo é conter a China e firmar no Indo-Pacífico mais uma sólida base de operações sob a liderança do imperialismo estadunidense e  cercar por todos os lados o país socialista asiático. A iniciativa está em linha com o objetivo proclamado pelo presidente dos EUA, Joe Biden, de impedir a ascensão da China como potência mundial. 

    No seu nascimento o pacto gerou uma crise com a França, um dos principais parceiros ocidentais do sistema imperialista, incluindo a Otan. A França tinha assinado um acordo para construir uma frota não nuclear de submarinos para a Austrália, negócio que foi por águas do Oceano Pacífico abaixo. A reação da França foi lamentar que tenha recebido uma "punhalada nas costas". Isto fica na conta das contradições interimperialistas que sempre concorrem para o agravamento das contradições geopolíticas e acarretam guerras. 

    Voltando a falar da ameaça que a AUKUS representa para a segurança internacional, trata-se da mais recente demonstração de que para os democratas no poder na Casa Branca, diplomacia e multilateralismo não passam de retórica. A tônica das políticas externa e de defesa dos EUA e seus parceiros é o militarismo, o que evidencia que os EUA se preparam para uma guerra global. As ameaças à paz mundial não advêm das nações emergentes, muito menos da China socialista, imersa no seu impetuoso processo de modernização socialista, nem da Rússia, empenhada no seu ressurgimento nacional, mas do imperialismo estadunidense. 

    Em face de ameaças dessa natureza o desafio que se apresenta às forças progressistas mundiais é desencadear um amplo movimento pela paz. Às forças consequentes da esquerda corresponde a tarefa de mobilizar os povos na luta anti-imperialista, e evitar toda e qualquer perspectiva de conciliação com a superpotência que luta desesperadamente para impor sua hegemonia no momento histórico do seu declínio. 

    Em absoluto contraste com a militarização e as mensagens de guerra do imperialismo estadunidense, a China acena ao mundo com uma perspectiva de desenvolvimento, modernização, cooperação, encontro de civilizações e paz.  

    A mensagem chinesa foi endereçada ao mundo por Xi Jinping, secretário-geral do Partido Comunista da China e presidente da República Popular da China na última quarta-feira (15) no Diálogo de Alto Nível com os Partidos Políticos do mundo.

    Em seu discurso no evento, Xi Jinping, propôs a Iniciativa de Civilização Global, que se soma a duas iniciativas anteriores do líder comunista: a Iniciativa de Desenvolvimento Global e a Iniciativa de Segurança Global. "Estamos prontos para trabalhar junto com a comunidade internacional para abrir uma nova perspectiva de maior intercâmbio e entendimento entre diferentes povos e melhores interações e integração de culturas diversificadas. Juntos podemos tornar colorido e vibrante o jardim das civilizações mundiais", disse.

    Um mundo pacífico, para Xi Jinping, só é possível com o desenvolvimento compartilhado. O líder máximo da China enfatizou que o desenvolvimento e a modernização da China colocam o povo em primeiro lugar, tratando-se de uma modernização que pressupõe cooperação e compartilhamento do desenvolvimento. Xi preconizou a necessidade de fomentar os valores comuns da humanidade e, dando um recado a forças hegemonistas, afirmou que ninguém deve impor seus valores a outros países. 

    "O PCCh continuará a salvaguardar a equidade e a justiça internacionais e a promover a paz e a estabilidade mundiais. Ao avançar na modernização, a China não trilhará o antigo caminho da colonização e da pilhagem, nem o caminho tortuoso de alguns países para buscar a hegemonia quando se fortalecem", assegurou o líder comunista chinês, que frisou sua oposição à hegemonia e à política de poder em todas as suas formas". Xi apresentou a perspectiva chinesa: "Defendemos a solidariedade e a mentalidade ganha-ganha ao lidar com desafios de segurança complexos e interligados para estabelecer uma arquitetura de segurança justa e equitativa que seja construída e compartilhada por todos. O mundo não precisa de uma nova Guerra Fria. A prática de alimentar a divisão e o confronto em nome da democracia é em si uma violação do espírito da democracia".

    Enquanto o imperialismo estadunidense e seus aliados intensificam políticas de guerra, do outro lado do mundo a China abre o caminho da esperança, acena com o desenvolvimento compartilhado e a paz. 

    Fica claro quem defende o monopólio de poder como potência que aspira à hegemonia e quem preconiza a democratização das relações internacionais com o respeito à diversidade das civilizações. "Paz, desenvolvimento, equidade, justiça, democracia e liberdade são as aspirações comuns de todos os povos" - enfatizou o secretário-geral do Partido Comunista da China e presidente do país socialista asiático perante os partidos políticos do mundo. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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