EUA x China: o tarifaço atingirá mais a economia real ou a hegemonia financeira?
De onde partirá primeiro a negociação?
Essa guerra comercial dos EUA (Trump) com a China tem, entre outros aspectos, um que me parece interessante de ser mais amplamente observado.
A disputa nasce na economia real porque sai das tarifas de coisas materiais, mas se expande para os vínculos com a "economia de segunda ordem", aquela que trata dos esquemas de inovações financeiras de papéis, títulos, mercado futuro, securitização, etc.
Nesse sentido, será interessante observar até onde a China vai esticar a reciprocidade nas tarifas, já que a economia chinesa é mais ancorada na economia real do que a americana, mais sustentada na hegemonia financeira, que parece ser a de maior risco nesse embate.
A tendência é que a capitalização seja mais freada, o capital fictício enxugado, enquanto a valorização da produção e os negócios no território buscam novos parceiros e mercados ao redor do mundo.
Os chineses já sabiam das intenções de Trump e devem ter estudado os limites aceitáveis para o tarifaço americano e as possibilidades chinesas com a reciprocidade tarifária até que sejam reabertas as negociações de parte a parte.
Por outro lado, a sensação é que Trump parece agir mais por intuição de quem tem história de fazer negócios específicos com suas empresas.
Até aqui, aparentemente, boa parte das perdas no que pode ser chamado, por enquanto de uma volatilidade (não estabilidade), parece mais vinculada aos papéis, títulos e ações, embora já esteja transbordando para a economia real, já que a acumulação financeira - que leva à hegemonia - não seria desgarrada do real, em sua totalidade. Fato que o atual tarifaço vem comprovar na prática. Capitalização crescente, mas não desvinculada da valorização.
É ainda cedo para tirar conclusões e mesmo fazer estimativas de cenário diante de tão complexo laboratório de experiências empreendido por Trump. Mesmo usando amplas bases de dados sobre a economia global, cálculos, modelagens e projeções, é muito difícil avaliar os impactos em diferentes dimensões, escalas e/ou nações.
Há muitas especulações até porque ação leva a variadas reações e a movimentos e rearticulações esperadas e outras inesperadas. Mesmo com esses e outros devidos cuidados, não se pode ignorar que a atual hegemonia financeira tem origem, basicamente, nos EUA, enquanto o tarifaço começa impondo uma freada brusca sobre o comércio global.
A economia não existe sem política que se traduz na Economia Política. Sendo assim, olhando num horizonte mais amplo, cabe a pergunta: de onde partirá primeiro a negociação?
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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