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      André Barroso

      Artista plástico da escola de Belas Artes da UFRJ com curso de pós-graduação em Educação e patrimônio cultural e artístico pela UNB. Trabalhou nos jornais O Fluminense, Diário da tarde (MG), Jornal do Sol (BA), O Dia, Jornal do Brasil, Extra e Diário Lance; além do semanário pasquim e colaboração com a Folha de São Paulo e Correio Braziliense. 18h50 pronto

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      Fascismo: até tu, Alemanha?

      A Alemanha deveria ser um exemplo de banimento do fascismo no mundo

      Alice Weidel (Foto: Reuters)

      O partido de centro-direita União Democrata-Cristã (CDU) venceu as eleições parlamentares da Alemanha. Esse é o sinal vermelho apitando no mundo. Se não bastasse o partido conservador cristão vencer, o partido de extrema direita Alternativa para Alemanha (AFD) ficou em segundo lugar, com 20,8%. Logo a Alemanha, que deveria ser um exemplo de banimento do fascismo no mundo, apresenta sua líder Alice Weidel, recheada de incoerências. Lésbica casada com uma imigrante. Dois filhos adotados, apesar de o seu partido ser contra a adoção por casais homossexuais. É patriota alemã, mas vive na Suíça e está em um partido que é considerado extremo ao cubo até por outras legendas extremistas radicais na Europa. Devemos entender que o fascismo, que é um movimento popular, consegue abarcar as frustrações de uma população deprimida com uma crise financeira do país. A direita se agarra ao movimento, que consegue vencer as eleições da esquerda.

      Fascismo é um movimento político e cultural. Umberto Eco, no seu livro ‘O fascismo eterno’, listou 14 pontos que definem se a gente está ou não entrando no fascismo. Senão vejamos alguns desses pontos para averiguar se estamos ou não migrando para isso no mundo. Culto à tradição, culto às tecnologias, a ação é bela em si, portanto, deve ser realizada antes de e sem nenhuma reflexão. Pensar é uma forma de castração, fascismo provém da frustração individual ou social, nacionalismo, privilégios aos nascidos em um mesmo país, elitismo, culto ao herói, machismo, populismo, sempre tendo conotações sexuais e sempre colocando as minorias sem assistência.

      O que surpreende é a Alemanha embarcar, mesmo com sua história com o nazismo. Sempre foi um exemplo. Mas o crescimento do fascismo no mundo é uma realidade. E agora, sem pudor em se mostrarem fascistas. Haja vista personalidades fazendo a saudação Hitlergruß ou sieg heil, como Elon Musk (que participou do comício da extrema direita AFD) e Steve Banon (queridinho de Bolsonaro). O próprio Trump, colocando em suas primeiras ações expulsando imigrantes. O mapa da eleição mostra que o CDU ganhou na Alemanha ocidental e o CDU na Alemanha Oriental. O desconforto é saber que a Alemanha como um todo votou nos conservadores, o que não adiantou a manifestação de 1,4 milhão de pessoas nas ruas contra o avanço da extrema-direita. O que seria um ponto de inflexão junto com a França na Europa, encontra eco crescente avançando pelo mundo.

      A pressão para conter o avanço foi exaustiva. No jogo de futebol no dia da eleição, a camisa do time do Schalke vinha com a inscrição: "votar pela democracia! Contra racismo e discriminação!". Lembrando que durante o nazismo, todos os clubes alemães se submeteram ao novo regime, como todas as instituições da sociedade alemã. A última vez que um partido de extrema-direita ficou em segundo lugar foi nas eleições alemãs de 1930. E na eleição seguinte, deu Hitler na cabeça. Quais as semelhanças? O enfraquecimento alemão dos últimos anos, com crise econômica e o crescimento da xenofobia por conta disso. Hitler cresceu focando na recuperação econômica do país, com o plano Quadrienal, usando até mão de obra escrava, teve apoio de empresários e assim, conseguiu implementar a ideologia nazista.

      A Campanha Eleitoral da Alemanha, o partido da AfD distribuiu panfletos na forma de passagens aéreas, uma alusão para que os IMIGRANTES usassem para voltar aos seus respectivos países. A coincidência é que foi a mesma estratégia que os NAZISTAS fizeram, anos atrás. Onde estava o Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária Alemã nesse caso? Não existe. Apenas o Bundesgerichtshof, correspondente ao nosso STF. Que os Deuses olhem para nós.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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