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Paulo Roberto Andel

Estatístico, escritor, autor e coautor de 26 livros sobre esportes, crônicas, Rio de Janeiro, política, humor e poesia

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Feliz Dia das Mães, Regina Duarte

Feliz Dia das Mães, Regina Duarte. A minha mãe não vai poder celebrar, porque morreu há treze anos, vítima psicológica da ditadura, da pobreza, da falta de condições para um melhor antendimento, feito milhões de pessoas neste país que você insiste em desprezar

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Neste domingo, provavelmente você está no conforto do seu lar ou da sua casa.

Certamente no mínimo fará chamadas em vídeo com filhos e netos, isso se não seguir as diretrizes do seu chefe, celebrando o Dia das Mães pessoalmente. 

Contudo, essa mesma chance não cabe às milhares de mulheres que têm morrido nos últimos 50 dias por conta da Covid19, muitas vezes acreditando na estupidez também do seu chefe, conclamando as pessoas ao abraço da morte nas ruas em nome da "economia", leia-se o interesse do patronato em não perder um centavo, podendo substituir os CPFs na hora em que bem entender ou precisar. E lá está você a sustentar essa barbárie. 

Não foi a primeira vez nem a segunda. Todos sabem das suas posições fascistas como fazendeira, desejosa da eliminação do MST, com muitas mães sofridas que a sua cólera cega insiste em sabotar, humilhar e invisibilizar. 

E o que dizer de carregar mortos, Regina Duarte? Eu mesmo carrego uma família inteira que foi psicologicamente destroçada pela ditadura, levada à pobreza e ao alcoolismo nos anos de chumbo que, debochadamente, você celebra com musiquinhas toscas. Há um suicida também, meu tio, decorrente do horror que a ditadura militar impôs ao Brasil, usando pessoas como você para dar uma boa imagem a uma tragédia feito agora. 

Lembra do seu medo de Lula, Regina Duarte? Pois é. Ele se transformou no terror que você espalha voluntariamente, de maneira sarcástica, fazendo propaganda de um governo fascista que não representa o povo brasileiro, humilhado e angustiado ainda mais agora, com o total desprezo de seu presidente pela causa popular, enquanto já enterramos pelo menos cem mil mortos pela "gripezinha".

Pois é, Regina Duarte, você pode mentir na TV, mas quando o assunto é ditadura eu não reconheço em você nem como um pedaço de cocô de rato. Com oito dias de vida, a ditadura quebrou toda a minha casa em busca do meu tio, enquanto minha mãe saía correndo comigo no colo pelas ruas de Copacabana. Podíamos ter morrido naquela noite, mas escapamos. Oito anos depois, eu não pude evitar minha expulsão da escola, sabe por quê? Simples: numa excursão à Praia Vermelha com a minha turma do curso de alfabetização, eu cometi o crime de perguntar porque a praia era vermelha. De baixo, eu vi o silêncio, os homens de idade fardados me olhando e o terror no rosto da minha jovem professora. Ninguém falou nada, ninguém expressou nada. Duas semanas depois, a direção da escola me convidou à saída: a ditadura descobriu que o garoto que perguntava sobre o vermelho era sobrinho de um exilado político e filho de um preso pelo regime. Quais foram os crimes? Meu tio carregava panfletos contra a ditadura. Era um panfleteiro. Como não o achavam, prenderam meu pai como isca para que ele se entregasse, o que acabou acontecendo. E como meu tio não desistiu de lutar pela liberdade do Brasil, foi preso outras vezes, perdeu uma audição à base de porrada no DOPS, até ser alertado de que, se não fosse embora, não teria outra chance. Os impactos dessa monstruosidade foram tantos que, dezesseis anos depois de sua expulsão, contribuíram certamente para seu suicídio.

As pessoas com alma e sentimento carregam seus mortos, Regina Duarte. E não é fácil. Nunca é fácil para quem tem apreço pelos seus e pelo próximo. Apreço que você despreza quando, na condição de representante desse governo indigno, se cala diante da morte de artistas notáveis como Aldir Blanc, Moraes Moreira e tantos outros. Ontem morreu o pai da arte cinética, Abraham Palatnik. Você sabe de quem se trata? A julgar pela sua mediocridade, provavelmente não, mas no mundo inteiro a arte dele é celebrada, exceto por fascistas, naturalmente ignorantes. Morreu também há pouco o Sérgio Sant'anna. Você já leu algum livro dele? 

Feliz Dia das Mães, Regina Duarte. A minha mãe não vai poder celebrar, porque morreu há treze anos, vítima psicológica da ditadura, da pobreza, da falta de condições para um melhor antendimento, feito milhões de pessoas neste país que você insiste em desprezar. Ainda me lembro dela vibrar com você em Selva de Pedra e Roque Santeiro (que, se você tivesse entendido 1% da trama, não deveria ter feito). Para minha mãe, as novelas foram muito importantes e uma das únicas distrações. Você nunca parou para pensar que sua carreira foi impulsionada por milhões de brasileiros que acreditavam em você, e que foram enganados por uma namoradinha da tortura e do ódio, da barbárie e do nazismo. Já parou para conversar com seus colegas de governo e as apologias que eles já fizeram a Goebbels, por exemplo? Preciso falar de corrupção e milícia? Não, né?

Feliz Dia das Mães, Regina Duarte. A minha mãe, que tanto te admirou, está morta. Mas é muito mais digno ter morrido pobre, anônima sem trair o próprio povo, do que ter fama e fortuna mas ser um monstro abominável feito você, que louva torturadores e despreza vítimas de uma pandemia. Morta, minha mãe é muito mais importante e digna do que você viva. Eu tenho orgulho de ser filho de quem eu sou, mas teria nojo de ter uma mãe feito você. 

É inútil ficar neste cargo, Regina Duarte. Você já vinha demolindo a sua imagem de décadas (mesmo que fosse fake) com as suas barbaridades mentais que chama de "posição política". Mas nesta semana que passou você a implodiu de vez. Nunca mais escapará da pecha de fascista, escroque, indigna, militante da ditadura e do horror. Nem uma foto com o seu belo rosto do passado será poupada. Sempre que falarmos do fascismo brasileiro, você será uma referência para isso. Desprezada pelos próprios pares, humilhada na própria emissora onde foi estrela por década. Nenhum dinheiro ou patrimônio compensará isso. 

Feliz Dia das Mães, Regina Duarte. Aproveite intensamente esta nova fase, porque o último foi ano passado. Infelizmente hoje você não passa de uma morta em vida, um cadáver insepulto, um zumbi que gargalha e escarra rancor vociferando toda a sua falta de humanidade, a sua colossal ignorância, o seu vazio de bem. Você não precisa carregar mortos nas costas: basta que encare o espelho, olhe fixamente e, por trás da imagem, tome ciência de quem você realmente é. 

Descanse sem paz.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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