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    Ricardo Cappelli

    Ricardo Cappelli é secretário da representação do governo do Maranhão em Brasília e foi presidente da União Nacional dos Estudantes

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    Frente Ampla para derrotar o arbítrio. É pouco?

    "O Brasil está sob ameaça de um grave retrocesso civilizatório. Cabe a oposição fazer de tudo para derrotar o inimigo principal", escreve o colunista Ricardo Capppelli. "Qual será a consequência para a democracia das duas indicações que Bolsonaro fará ao STF? Haverá imprensa livre? Atividade parlamentar 'normal'? Garantia de direitos fundamentais?", questiona

    Jair Bolsonaro e Flávio Dino (Foto: PR | LULA MARQUES)

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    Como será um governo do arbítrio fortalecido por alguma melhora na economia? Qual será a consequência para a democracia das duas indicações que Bolsonaro fará ao STF? Haverá imprensa livre? Atividade parlamentar “normal”? Garantia de direitos fundamentais? 

    Como será um Bolsonaro aclamado por uma reeleição? O Capitão estava brincando quando insinuou um terceiro mandato? Moro na vice será o sucessor de um projeto de 16 anos? 20 anos? O que restará do Brasil?

    Contrariando algumas previsões, as pesquisas têm indicado uma pequena melhora na aprovação do presidente.

    Lula já saiu da cadeia, mas apesar de sua liderança inquestionável, o fato parece não ter influenciado o humor da população. As ruas continuam frias e vazias.

    A menor taxa de juros da história e a injeção de recursos promovida pela liberação do FGTS e pelo décimo terceiro do Bolsa Família podem explicar parte da melhora do Capitão. A necessidade política costuma transformar liberais fanáticos em keynesianos envergonhados.

    O mais provável são taxas de crescimento tímidas pelos próximos anos. A economia global acompanha sobressaltada a briga entre a China e os EUA. Com nossa massa salarial achatada e os investimentos públicos asfixiados, o motor do mercado interno continuará engasgando. 

    Se a economia não vai dar um salto, é pouco provável também que afunde. Se o emprego precarizado não é o melhor dos mundos, muito pior é o desemprego.   

    A gravidade da ameaça autoritária nos obriga a colocar os dois pés no chão. O país quebrou nas mãos da esquerda com duas quedas de PIB históricas. O desemprego explodiu com Dilma. 

    Após treze anos “vermelhos”, a crise econômica e uma brutal ofensiva conservadora empurraram o Brasil na direção de uma nova saída liberal. O liberalismo avançou na sociedade, sendo amplamente majoritário no Congresso Nacional e no STF.

    Política se faz a partir da análise objetiva da realidade concreta. É forjada pela necessidade, pelas circunstâncias. É diálogo, construção com os diferentes e mediação. A boa posição não é a minha ou a do outro, mas a que torna possível alcançar o objetivo estratégico.

    Associar de forma fantasiosa este processo à capitulação é sectarismo oportunista, um desserviço ao povo brasileiro. 

    O Brasil está sob ameaça de um grave retrocesso civilizatório. Cabe a oposição fazer de tudo para derrotar o inimigo principal. Qual seria o caminho? Três fatos recentes são elucidativos.

    A tentativa criminosa de transferir Lula para um presídio comum parou Brasília, gerando protestos de quase todas as forças políticas. Quando “Alvim Goebbels” levantou a suástica, novamente todos deram as mãos para derrubá-lo. O mesmo se repetiu quando o arbítrio ameaçou o jornalista Glenn Greenwald.

    A questão democrática é a única capaz de aglutinar os mais variados setores numa Frente contra Bolsonaro.

    Quando Roosevelt, Stalin e Churchill selaram uma aliança, não consta que ficaram procurando diferenças no passado. Também não havia na pauta um programa econômico comum para a humanidade. Um único objetivo fez estes personagens históricos apertarem as mãos: banir do mundo a ameaça nazista. Foi pouco?

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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